Nessa sexta-feira (4), o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), […]

Setembro Amarelo: ações de combate ao suicídio crescem no AM

Nessa sexta-feira (4), o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), lançou a campanha “Deixe a Vida Florescer”, que será marcada por ações de conscientização a serem realizadas na conhecida ponte Rio Negro.

As equipes estiveram presentes no local. O evento também contou com adesivagem de carros que transitavam pela ponte, além de distribuição de folhetos e ventarolas. Tendas de assistência psicológica do Governo do Estado também foram montadas nos dois sentidos da via.

Dados da FVS

O mês de setembro começou e com ele um tema oportuno a ser debatido: a prevenção ao suicídio. Conforme apontam os dados levantados pela Fundação de Vigilância Sanitrária (FVS), no primeiro semestre de 2020, foram registrados 151 casos de óbitos por suicídio no Amazonas. Em comparativo ao primeiro semestre do ano passado, foram levantados 106 casos – no acumulado de 2019, somam-se 235 casos.

Somente no Brasil, cerca de 23 brasileiros tiram a própria vida por dia – número superior a de pessoas vítimas de AIDS e câncer, por exemplo.

Campanha em 2020

A programação, lançada na capital, também vai abranger outros quatro municípios do Amazonas e se estenderá até o dia 30 de setembro. Confira:

04.09 – Lançamento da campanha na ponte Rio Negro

08.09 – Ação no PAC Alvorada / Live no instagram @redesejusc

09.09 – Ação no PAC Parque 10

10.09 – Ação no PAC Educandos e PAC Galeria

11.09 – Ação no PAC São José

14.09 – Ação no PAC Leste

15.09 – Ação no PAC Compensa / Live no instagram @redesejusc

16.09 – Ação no PAC Sumaúma

17.09 – Ação no PAC Via Norte

18.09 – Ação no PAC de Iranduba

21.09 – Ação no PAC de Itacoatiara

22.09 – Ação no PAC de Manacapuru / Live no instagram @redesejusc

23.09 – Ação no PAC de Parintins

29.09 – Live no instagram @redesejusc

30.09 – Encerramento com iluminação do Teatro Amazonas na cor amarelo

Setembro Amarelo

Há quatro anos, foi lançada a campanha ‘Setembro Amarelo’ no país, visando prevenir a prática do suicídio. Mas o que significa Setembro Amarelo?

Setembro Amarelo é uma campanha do Centro de Valorização da Vida, que busca trazer o diálogo sobre o suicídio para a sociedade. Desde 2015, o mês é simbolizado através da conscientização e prevenção de um ato que vem ceifando a vida de milhares de brasileiros a cada ano.

Foto: Reprodução/Internet

Suicídio, depressão e ansiedade

Estima-se que uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos no mundo. No Brasil, o ato de tirar a própria é a quarta causa que mais mata jovens.

O perigo ronda as famílias de todas as camadas sociais. Doenças como depressão e ansiedade acometem cada vez mais nossa juventude e tem sido uma das maiores causas de suicídio, não somente no Brasil. De acordo com a OMS, cerca de 11 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão.

Por conta do (ainda) imenso tabu em discutir sobre o tema, muitas vezes o problema passa despercebido e só vem à tona quando a pessoa chegou ao ato extremo de atentar contra a própria vida. Diariamente, é possível ver espalhado pelas redes sociais uma diversidade relativamente grande de jovens dando sinais que sofrem da doença ou está à beira de cometer suicídio. O que, outrora, era tido como ”frescura” tornou-se questão de saúde pública.

Diante dos relatos que estão sendo divulgados na mídia ou numa simples conversa entre amigos, fica cada vez mais evidente que a família tem um papel fundamental no tema, seja no combate e na prevenção, ou no agravamento do problema.

Jovens deprimidos e propícios a cometer suicídio, geralmente vivem uma vida familiar desestruturada e sem diálogo. Os gatilhos mentais que por si só já deixam a pessoa vulnerável, agravam-se ainda mais em um ambiente onde a família vive em ”pé de guerra”, que não conversa e não prepara o jovem para a dura realidade da vida.

Outras causas como o bullying, a rejeição e o medo, também podem levar uma pessoa à depressão e, consequentemente, ao ato suicida.

A ansiedade, por sua vez – ainda que não se tenha algo concreto sobre como ela ocorre -, se prolifera através da depressão, na maioria dos casos. Há inúmeros fatores que podem levar uma pessoa a sofrer desse mal, como por exemplo: traumas oriundos de abusos físicos ou psicológicos, abuso de medicamentos excitantes ou que sofrem de doenças psicológicas como a depressão, bipolaridade e esquizofrenia, além de estar relacionada à doenças cardiovasculares e sistema respiratório frágil.

Foto: Divulgação

Sinais suicidas

”A pessoa quando quer se matar não avisa, vai lá e faz”. É comum ainda ouvir esse tipo de comentário, que não é fiel à realidade dos fatos. Sinais, gestos e comportamentos são expostos para quem quiser ver e ouvir, é como um pedido de socorro sútil e extremo.

Como dito antes, as redes sociais estão repletas de pessoas – em especial, adolescentes e jovens – dando sinais claros que podem estar passando por algum tipo de transtorno mental ou com pensamentos suicidas. Fechar os olhos para estes sinais é o mesmo que condenar a pessoa a se isolar no sofrimento e deixá-la caminhar em direção à morte.

Comentários como: “queria nunca mais acordar”; “vontade de sumir”, “o bom seria morrer e deixar todo mundo em paz”, são sintomas que podem indicar que determinada pessoa está muito próxima de cometer um ato extremo. Outros sinais também podem partir de gestos e comportamentos – isolamento, tranquilidade aparente, felicidade repentina e desfazer-se de objetos são sinais de que algo não está caminhando na normalidade.

A felicidade repentina – que pode acometer alguém que sofre de uma profunda depressão – é um sinal emergencial. O perigo consiste em achar que a pessoa está melhorando quando, na verdade, é um forte sintoma de que algo extremo está prestes a acontecer. Numa ocasião como esta, o melhor a se fazer é ficar atento.

Alerta

Fontes não oficiais apontam que, desde sua inauguração em 2012, a  Ponte Jornalista Phelippe Daou já foi palco para mais de 50 suicídios. Contudo, os dados oficiais não são divulgados pela Delegacia Especializada em Ordem e Política Social (Deops), órgão responsável pela investigação dos casos.

No ano de 2019, policiais militares que atuam na região relataram que cerca de 6 pessoas atentaram contra a própria vida no local.

Ações que ajudam a salvar vidas

Em 2018, um grupo comandado pelo capitão da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), Carpegiane Andrade, deu início a uma campanha de prevenção e combate ao suicídio na ponte sobre o Rio Negro. A ação, denominada “Ainda não é sua última viagem”, foi pioneira no local e chamou a atenção do poder público, da imprensa e da sociedade para um tema cada vez mais recorrente, do qual ainda é visto pela grande maioria como “tabu”. O evento contou com distribuição de panfletos, palestras de profissionais das áreas de Psicologia e Psiquiatria, além de um intenso trabalho de conscientização da população.

O capitão da PM, Carpegiane Andrade, é o idealizador da ação social que vem conscientizando a população amazonense – Foto: Divulgação

CVV

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Para mais detalhes, acesse o site: CVV; ou entre em contato no número 188, caso você esteja precisando de ajuda.

*Este artigo contou com informações dos sites do Centro de Valorização da Vida e do Setembro Amarelo e da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc).

Texto produzido por Sony Corsi (revisado e editado por Narel Desiree)

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