Em uma noite sombria, nas estreitas ruas de São Luís do Maranhão, o eco de uma carruagem macabra cortava o […]

Quinta Misteriosa: A Lenda da Carruagem de Dona Ana Jansen
Em uma noite sombria, nas estreitas ruas de São Luís do Maranhão, o eco de uma carruagem macabra cortava o silêncio, arrastando consigo uma aura de horror e mistério. A lenda da maléfica Senhora Dona Ana Joaquina Jânsen Pereira havia transcendido o túmulo, lançando uma maldição sobre a cidade que a viu prosperar em vida.
Dona Ana, uma comerciante influente e rica, acumulou sua fortuna à custa de incontáveis vidas escravizadas. Em sua mansão imponente, paredes que testemunharam os horrores dos porões escondiam segredos obscuros: ossadas entranhadas, vestígios de atrocidades que ecoavam pelos corredores como murmúrios dos mortos.
Após a morte da sádica aristocrata, as noites de São Luís eram marcadas pelo desfile fantasmagórico da carruagem de Dona Ana. Nas sextas-feiras, boêmios e notívagos enfrentavam o terror ao depararem-se com a carruagem desenfreada, puxada por cavalos brancos decapitados, guiados por uma caveira de escravo sem cabeça. O espectro da senhora, penando por seus pecados, erguia-se da escuridão.
Aqueles infortunados o suficiente para cruzar o caminho da carruagem e negligenciar uma oração pela alma maligna de Dona Ana eram amaldiçoados. Uma vela de cera, oferecida pelo fantasma, revelava-se, ao amanhecer, como um descarnado osso humano, testemunho dos males cometidos em vida.
A antiga mansão, agora ocupada pelos cursos de Enfermagem e Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, era um palco de terror. Noite após noite, os corredores ecoavam com gemidos espectrais e o tilintar dos ossos enterrados nas entranhas da construção.
Nas noites de quinta a sexta-feira, a carruagem fantasmagórica corta a cidade como uma sombra do passado, conduzindo a alma atormentada de Dona Ana em sua busca eterna por redenção.
Sid Sheldowt é Escritor, Poeta e Compositor