A greve dos caminhoneiros chega ao quinto dia e até o momento não há previsão para chegar ao fim. Mesmo […]

Presidente dos Feirantes de Manaus alerta para escassez de alimentos na capital

A greve dos caminhoneiros chega ao quinto dia e até o momento não há previsão para chegar ao fim. Mesmo tendo sido anunciado um acordo entre a classe e o governo, os manifestantes continuam mobilizados e fechando diversas rodovias pelo Brasil. Em Manaus, além da preocupação com a falta de combustível, a população agora começa a se preocupar com a escassez de alimentos – preocupação que já é compartilhada por outras capitais do país.

Em entrevista ao Portal do Minuto, o presidente do Sindicato dos Feirantes de Manaus, David Lima da Silva, também conhecido como ‘David dos Feirantes’, sinalizou que em poucos dias, caso a greve dos caminhoneiros se prolongue, a falta de alimentos nas feiras da capital amazonense será uma realidade.

“Grande parte de hortifrutigranjeiros já está faltando nos estoques dos atacadistas. As câmaras frigoríficas aqui do Ceasa e da Manaus Moderna já estão praticamente vazias. Os feirantes e mercadinhos, em geral, sabendo da greve e da possível faltas desses produtos, promoveram uma verdadeira corrida para efetuar as compras dos mesmos e tentar fazer um estoque mínimo para poder atender as suas clientelas”, salientou David.

Ainda conforme David, as feiras terão produtos até, no máximo, este fim de semana. “A partir de segunda-feira, com toda certeza, a cidade já estará desabastecida”, afirmou.

Aumento nos preços

O presidente do Sindicato dos Feirantes informou que produtos como a cebola, batata e tomate – avaliados como “carros chefes” e mais vendidos – já dobraram ou triplicaram de preço, além de produtos como o abacate, cenoura, beterraba, repolho, entre outros, que também já apresentam uma alta significativa nos preços.

“A batata era R$ 100, hoje já se fala em 180 a 200 sacas. A cebola que era de R$ 90 a R$ 100, hoje já subiu para R$ 150, e o tomate que era R$ 70 já está a R$ 100, podendo chegar a R$ 150 no início da semana”, frisou David.

Impacto da paralisação

David também comentou acerca do transporte desses alimentos e o impacto que a paralisação dos caminhoneiros causará se permanecer por mais tempo.

“Além de não ter como carregar na origem [nas roças], as carretas que estavam carregadas estão paradas pelas rodovias Brasil afora. As carretas que já estavam em cima das balsas, viajando pelo rio, ainda não chegaram em Manaus porque os rebocadores das balsas, em grande maioria, estão parados no meio do rio sem combustível”, destacou.

Escassez de alimentos

David dos Feirantes alertou, ainda, para a possível escassez de outros alimentos que fazem parte do cardápio diário de muitos manauenses, além de denunciar o descaso político no âmbito Federal, Estadual e Municipal com os feirantes e as feiras que abastecem a capital amazonense.

“Também faltarão peixes, carnes, frangos e farinhas, por exemplo. Quem abastece a cidade de Manaus e os demais municípios do Amazonas são os feirantes, mas, mesmo assim, não tem nenhuma ajuda dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Se os feirantes pararem por 10 dias, a população não terá alimentos nas suas mesas e isso está prestes a acontecer”, avaliou.

À equipe do Portal do Minuto, David de Lima informou que convocará uma paralisação geral. “Hoje, eu, na qualidade de presidente do Sindicato dos Feirantes de Manaus, convocarei uma paralisação geral de abastecimento de alimentos para a capital e vários outros municípios do Amazonas”, concluiu.

Estoque de alimentos

Segundo a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), o estoque de alimentos está garantido até este fim de semana nas feiras de Manaus.

Contudo, em alguns supermercados da capital, já é possível ver os reflexos da paralisação dos caminhoneiros, onde a falta de produtos já é visível nas prateleiras. No Carrefour, por exemplo, há indicação de limites de produtos por cliente – o intuito é garantir que mais pessoas tenham acesso aos alimentos.

Conforme explicação da ADS, caso a greve seja prolongada, os efeitos comprometerão o escoamento da agricultura local o que, consequentemente, terá reflexo nas feiras da capital.

Impactos em várias cidades brasileiras

Várias capitais e municípios brasileiros também estão em alerta com a possível falta de alimentos, sofrendo com o aumento abusivo dos produtos nas feiras e mercados.

Em Minas Gerais, o quinto dia de greve dos caminhoneiros mantém o movimento na Central de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas) bem reduzido. Segundo os comerciantes e produtores, ainda faltam muitos produtos e os preços do pouco que é comercializado já registra aumento de mais de 600%. A saca de 50 quilos da batata, que normalmente é vendida a R$70, já é comercializada por R$250 a R$500.

O proprietário de sacolão Leandro Tadeu, de 35 anos, encontrou o produto por R$500. “Não achamos mercadoria para comprar. O preço está surreal. Quando repassa para o cliente, ele acha que estamos roubando. Prefiro deixar minhas bancas vazias”, relatou.

Já no Rio de Janeiro, no coração da Avenida Brasil, no Irajá, o centro recebe diariamente cerca de 300 a 500 caminhões abastecidos de frutas, legumes, verduras, cereais e pescados, com a paralisação, apenas 70 cruzaram o portão na última quarta-feira (23). A escassez dos alimentos fez os preços quadruplicarem.

Na semana passada, a batata inglesa estava saindo a R$ 74 o saco de 50 quilos. Na quarta, passou a ser vendida por R$ 350, representando uma alta de 373%.

Por Sony Corsi

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