A implantação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BR-319 foi cobrada durante a sessão desta quarta-feira (05) na […]

Deputados do AM sugerem criação de CPI para investigar tragédia na BR-319

A implantação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BR-319 foi cobrada durante a sessão desta quarta-feira (05) na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). A investigação seria para apurar as causas do desabamento da ponte no KM 25 (antigo KM 12) ocorrido no dia 28 de setembro. A rodovia, no entanto, é de competência federal do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O debate foi levantado pelo deputado Fausto Júnior (UB), eleito para a Câmara dos Deputados, que justificou a ausência na sessão de quinta-feira para realizar uma vistoria nas obras emergências realizadas pelo Dnit e o Exército. No local será colocada uma ponta de ferro para o trânsito de veículos.

“Para que aquela ponte tenha caído, isso foi o resultado de anos de falta de manutenção. Então é preciso que se faça uma investigação para o contexto que essa ponte caiu e que se faça uma avaliação dos demais trechos de ponte, porque são três, somente entre o trecho de Careiro da Várzea e do Castanho, e que condições estão essas outras pontes. Eu tenho certeza que a pessoa que passa por alguma ponte naquela região passa com medo”, enfatizou o parlamentar.

O deputado Sinésio Campos (PT) pediu a palavra e defendeu que a Casa tome “uma atitude radical” sobre o acidente. Segundo ele, quase 15 dias antes, moradores publicaram vídeos alertando sobre o risco de desabamento da ponte. Conforme o petista, o Dnit sabia que a ponte iria desabar e mesmo assim não tomou providências, com isso, “vidas que foram ceifadas por falta de manutenção de falta de responsabilidade do governo federal”.

“O pano de fundo de uma CPI tem que ser por conta dessa ponte. A ponte que dezenas de pessoas foram vítimas do descaso do governo federal, até porque vossa excelência [Fausto] tiveram acesso nas redes sociais, até 15 dias antes [do acidente], que a população disse que isso iria acontecer”, defendeu Sinésio que ao defender o asfaltamento da rodovia, culpou não somente os ambientalistas, mas uma suposto “lobby” dos transportes aquaviários.

As críticas dos ambientalistas, no entanto, não dizem respeito à manutenção do local onde a ponte desmoronou, mas sim ao projeto de reconstrução da BR-319, em especial no trecho do meio que se estende sobre dois territórios indígenas. Mesmo com os avanços no plano, o governo federal, segundo pesquisadores e observadores da rodovia, negligencia a consulta aos povos e ignora possíveis problemas climáticos que podem prejudicar a estrutura da pista e a preservação de áreas verdes.

Indo de encontro a Sinésio, Abdala Fraxe (Avante) disse que a teoria de um lobby do transporte aquaviário para a não construção da rodovia é “falácia”, pois, segundo ele, transportar produtos como os bens produzidos pela indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM) é mais barato por meio aquático. O mesmo ponto de vista foi compartilhado pelo deputado Serafim Corrêa (PSB).

“Isso é falácia. Não existe isso [o lobbie]. Essa estrada precisa ser construída para que todo o amazonense possa ir pro [restante do] Brasil ou qualquer outro lugar da América do Sul. Todo mundo sabe que, todo mundo que tem o mínimo conhecimento logístico, que o transporte fluvial e marítimo são os dois mais baratos do mundo e nunca o transporte rodoviário conseguirá bater os custos disso”, defendeu Abdala.

Por fim, Fausto Júnior defendeu a criação da CPI da BR-319 para que o acidente possa ser avaliado “de forma prudente e responsável”. Com a investigação, ele espera que seja apresentada pelo parlamento e que seja cobrada a fiscalização da manutenção da rodovia na qual o Dnit possui um contrato de mais de R$ 38 milhões para a este tipo de serviço.

Com informações: A Crítica

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