No início de outubro, uma cerimônia na Praça de São Pedro, no Vaticano, reuniu mais de 70 mil pessoas para […]

Sacerdote satânico que “vendeu a alma ao diabo” torna-se o mais novo santo da Igreja Católica
No início de outubro, uma cerimônia na Praça de São Pedro, no Vaticano, reuniu mais de 70 mil pessoas para acompanhar a canonização de sete novos santos pelo Papa Leão XIV. Entre os homenageados, estavam missionários, freiras e mártires que dedicaram suas vidas à fé cristã. Mas um deles chamou atenção especial por sua história incomum: Bartolo Longo, um ex-sacerdote satanista que, após anos de tormento, se tornou um dos mais devotos propagadores do rosário.
Da fé ao ocultismo
Bartolo Longo nasceu em fevereiro de 1841, na pequena cidade de Latiano, na Itália, em uma família católica fervorosa. Durante sua juventude, parecia seguir o mesmo caminho religioso dos pais, até que a vida universitária em Nápoles, nos anos 1860, o afastou gradualmente da fé.
Os anos seguintes foram marcados por crises intensas de ansiedade e depressão. A convivência com o ocultismo o levou a um estado de sofrimento profundo, até que um professor universitário, Vincenzo Pepe, interveio. Preocupado com a deterioração do ex-aluno, Pepe o encorajou a abandonar o satanismo e retornar ao catolicismo.
O renascimento espiritual
A partir dessa virada, Longo decidiu mudar completamente de vida. Renunciou publicamente ao culto satânico, fez voto de castidade e passou a dedicar-se à religião com fervor. Em 1871, tornou-se membro da Ordem Terceira Dominicana e escolheu Pompeia como lugar de missão.
Naquela época, a região era marcada pela pobreza, por doenças como a malária e pela presença de bandidos. Mesmo assim, Longo começou a pregar nas ruas, incentivando os moradores a retomarem a prática da fé e a oração do rosário. Com o tempo, sua devoção chamou atenção da comunidade católica local.
Um dos episódios mais marcantes de sua trajetória ocorreu quando recebeu um retrato da Nossa Senhora do Rosário. Ao exibir a imagem ao público, relatos indicam que uma menina de 12 anos, que sofria de crises epilépticas consideradas incuráveis, teria sido curada. O suposto milagre espalhou-se rapidamente e atraiu fiéis de toda a região.
O apóstolo de Pompeia
Segundo o arcebispo Tommaso Caputo, Longo chegou a Pompeia para administrar propriedades pertencentes a uma condessa. “Caminhando por aquelas ruas perigosas, ele sentiu uma inspiração interior e prometeu a si mesmo que não deixaria o vale de Pompeia antes de espalhar a oração do rosário”, contou o arcebispo.
Longo começou catequizando camponeses e reformando uma pequena igreja dedicada ao Santo Salvador. Com o apoio do bispo Giuseppe Formisano, decidiu erguer um novo templo em honra a Nossa Senhora do Rosário. O projeto cresceu, e o local acabou se tornando o Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, hoje um dos destinos religiosos mais importantes da Itália.
Além das obras espirituais, Longo também se dedicou a ações sociais. Em 1887, fundou um orfanato para meninas. Poucos anos depois, em 1892, criou um instituto para acolher os filhos de prisioneiros, seguido de outro, em 1922, destinado às filhas desses detentos. Sua preocupação com os marginalizados e a convicção de que a educação e a fé poderiam mudar vidas se tornaram marcas de sua atuação.
A fé que venceu o desespero
Bartolo Longo faleceu em 1926, aos 85 anos, deixando uma vasta obra religiosa e social. Suas últimas palavras, segundo testemunhas, foram: “Meu único desejo é ver Maria, que me salvou e me salvará das garras de Satanás.”
Na cerimônia de canonização, o Papa Leão XIV o descreveu como um “exemplo de quem, com a graça divina, transformou a escuridão em luz”. O pontífice destacou que todos os novos santos “mantiveram acesa a chama da fé” e se tornaram “lâmpadas que espalharam a luz de Cristo”.
Para muitos católicos, Longo é hoje símbolo de redenção e perseverança espiritual. O padre dominicano Joseph-Anthony Kress afirmou que o santo italiano é uma inspiração também por seu enfrentamento de problemas mentais. “Como sacerdote, já vi muitas pessoas acreditarem que, depois da conversão, a saúde mental deixa de ser um desafio. Longo é um testemunho de que não é assim”, disse o religioso à rede EWTN.
Kress contou ainda que, em seus momentos mais sombrios, Longo recorria à promessa feita pela Virgem Maria a São Domingos: que quem promovesse o rosário seria salvo. “Essas palavras lhe davam forças para suportar o desespero e continuar acreditando”, completou.
Hoje, Bartolo Longo é conhecido como o “Apóstolo do Rosário” e, quase um século após sua morte, suas orações continuam sendo repetidas diariamente por milhares de fiéis no santuário de Pompeia, erguido pelo homem que um dia jurou fidelidade ao demônio e terminou sua vida consagrado à devoção mariana.
(*)Com informações: Mistérios do Mundo
