Brasília – Após escapar da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a Embraer, uma das maiores […]

Embraer descarta demissões e aposta em tarifa zero nos EUA após escapar de taxação de 50%
Brasília – Após escapar da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, descartou qualquer possibilidade de demissões no Brasil em 2024 e afirmou estar confiante na retomada da tarifa zero para suas exportações ao mercado norte-americano. A declaração foi feita nesta terça-feira (5) pelo diretor-executivo da companhia, Francisco Gomes Neto, durante apresentação dos resultados do segundo trimestre.
“O nosso foco é realmente restaurar a tarifa zero. Ficamos muito felizes de passar de 50% a 10%, o que reduziu bastante o impacto para os nossos clientes. Estamos trabalhando com eles para fazer a entrega das aeronaves. Mas, em paralelo, estamos nos esforçando com afinco para restaurar a tarifa zero”, disse o executivo.
Desde abril, a Embraer, que exporta metade de sua produção para os Estados Unidos, está submetida a uma taxa de 10% determinada pelo governo do presidente Donald Trump. Na última semana de julho, havia o temor de que esse valor subisse para 50%, o que aumentaria drasticamente os custos. No entanto, no dia 30, o governo norte-americano decidiu manter aeronaves, motores e componentes fora do tarifaço.
Empregos mantidos e impactos controlados
Com 18 mil funcionários no Brasil, a Embraer afirmou que a tarifa de 10% representa um custo de aproximadamente US$ 65 milhões (cerca de R$ 350 milhões). Desse total, 20% já foram sentidos no primeiro semestre e os outros 80% devem impactar o segundo semestre. A taxação recai sobre partes de aviões executivos exportados para uma subsidiária da própria empresa nos EUA.
“Voltamos para uma situação mais gerenciável, tanto que já incluímos o impacto das tarifas nas nossas projeções financeiras. Estamos mantendo o nosso guidance para o ano, e para atendê-lo temos que entregar todos os aviões que estão planejados. No momento, está completamente fora dos nossos planos qualquer tipo de alteração, redução de quadro por causa de redução de produção”, garantiu Neto.
No caso das aeronaves comerciais vendidas aos Estados Unidos, o custo adicional é repassado ao comprador, o que pode encarecer os produtos da Embraer em relação à concorrência.
Negociações e expectativa de tarifa zero
A Embraer vê espaço para a retomada da tarifa zero, vigente nos últimos 45 anos. Francisco Neto citou acordos recentes feitos entre os Estados Unidos, Reino Unido e Europa como exemplos que podem favorecer o Brasil.
Segundo o executivo, as negociações estão sendo conduzidas tanto pelo governo brasileiro quanto diretamente pela empresa com interlocutores norte-americanos.
Os Estados Unidos são o principal mercado da Embraer: o país representa 70% da demanda por jatos executivos da marca e 45% das aeronaves comerciais. A presença da empresa em solo americano também é usada como argumento estratégico. A Embraer emprega cerca de 3 mil pessoas nos EUA e, considerando fornecedores, esse número chega a 13 mil.
A empresa projeta investir US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões) nos próximos cinco anos em cidades como Dallas (Texas) e Melbourne (Flórida), com a meta de contratar 5.500 novos profissionais até 2030. Se o governo americano decidir incluir aviões militares como o KC-390 na frota, o plano prevê outros US$ 500 milhões em investimentos e mais 2.500 postos de trabalho.
“Temos boa expectativa que isso venha acontecer”, afirmou Neto sobre a volta da tarifa zero. Ele destacou que, até 2030, o saldo comercial entre a Embraer e os EUA pode ser positivo em US$ 8 bilhões para os americanos, já que a empresa gasta mais comprando insumos e componentes no país do que com suas vendas para lá.
Resultados e projeções
No segundo trimestre de 2025, a Embraer entregou 61 aeronaves: 19 jatos comerciais, 38 executivos e 4 militares. No mesmo período de 2024, foram 47 unidades. A empresa mantém a meta de entregar entre 77 e 85 jatos comerciais e entre 145 e 155 executivos até o final do ano. A carteira total de pedidos alcançou US$ 29,7 bilhões – a maior da história da companhia.
A Embraer
Fundada em 1969, a Embraer já entregou mais de 9 mil aeronaves para mais de 100 países e 60 Forças Armadas. Com 23 mil funcionários, sendo 18 mil no Brasil, a empresa tem sua sede em São José dos Campos (SP) e presença também em Sorocaba, Botucatu, Gavião Peixoto, Florianópolis e Belo Horizonte. Fora do Brasil, opera com fábricas nos Estados Unidos e em Portugal.
Nos últimos anos, a empresa contratou cerca de 5 mil pessoas para atender à demanda crescente e manter sua posição de liderança no setor aeronáutico global.
(*) Com informações: D24Am