Por Capitão Pericles Em um país onde as notícias sobre violência doméstica ainda ocupam muitas manchetes, é fundamental lembrarmos que […]

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Violência contra a mulher não é briga de casal — é crime

Por Capitão Pericles

Em um país onde as notícias sobre violência doméstica ainda ocupam muitas manchetes, é fundamental lembrarmos que agressões não são disputas amorosas: são crimes que deixam marcas permanentes — na vida, na dignidade e, às vezes, na sobrevivência das vítimas.

Na última semana, um episódio chocou o Brasil. Em Natal (RN), um homem foi filmado em câmeras de segurança desferindo mais de 60 socos contra a namorada dentro de um elevador, após descobrir mensagens no celular dela. O ataque aconteceu enquanto eles estavam num churrasco com amigos, em um condomínio da zona sul da cidade.

A vítima, de 35 anos, teve o rosto e o maxilar fraturados e permanece internada no Hospital Walfredo Gurgel, onde deverá passar por cirurgia reconstrutiva. Já o agressor, identificado como Igor Cabral, de 29 anos e ex-jogador de basquete, foi preso em flagrante por tentativa de feminicídio. Terá sua prisão preventiva mantida após audiência de custódia.

A delegada responsável pelo caso revelou que a agressão foi motivada por ciúmes e ressaltou que a vítima já sofria agressões constantes, incluindo abuso psicológico e incentivo à autolesão — sinais graves de relacionamento tóxico que antecedem a escalada da violência física.

Esse caso é um alerta dramático: ciúme não é justificativa para violência. E sim, a violência doméstica é crime desde a primeira agressão. A Lei Maria da Penha está aí para garantir proteção, medidas protetivas, acolhimento e penalização dos culpados.

Como militar e defensor da segurança pública, afirmo com clareza: nosso dever é estar presente não apenas para prender, mas também para prevenir e proteger. A denúncia não é delação, é coragem. É parte do antídoto social para interromper ciclos invisíveis e cruéis.

Eu diria que a verdadeira masculinidade é saber respeitar e proteger, não controlar. A verdadeira força está em impedir que mais mulheres caiam vítimas de relações que se disfarçam de amor, mas são atos de poder.

Se você está passando por violência, lembre-se: você não está sozinha. Procure ajuda. Ligue para o 180 (Central de Atendimento à Mulher), 190 (Polícia Militar) ou vá à Delegacia da Mulher mais próxima. A Patrulha Maria da Penha e os centros de acolhimento estão prontos para amparar.

É hora de todos nos unirmos contra esse crime. Porque a segurança de quem veste a farda atende também ao direito das mulheres de viverem sem medo — nas ruas, e dentro de casa.
Capitão Péricles

*Capitão Péricles é Bacharel em Direito, Capitão da PMAM e Especialista em Segurança Pública.

**Os textos (artigos, crônicas) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião da Div Agência de Comunicação – Portal do Minuto.

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