nnAs produções de ‘True Crime‘, que do inglês significa crimes reais, tem sido cada vez mais difundidas nos últimos anos. Documentários, séries, podcasts, os mais diversos meios de propagação tem sido usados para contar as histórias de crimes reais que chocaram o mundo, dos mais diversos tipos.nnEm trecho de uma matéria do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP), o professor doutor Avelino Rodrigues, do Departamento de Psicologia Clínica, explica que obras de true crime no mundo do entretenimento buscam expor a versão dos envolvidos e “o interesse pelo gênero existe por se tratar da natureza humana e, ao ser consumido por meio de filmes, livros e séries, passa por um processo de sublimação, quando o conteúdo (não os crimes em si), passa a ser aceito e valorizado pela sociedade”.nn”O ser humano contém muitas possibilidades construtivas, mas, também, destrutivas. Os conteúdos destrutivos emergem, mas transformados em obras de arte — por exemplo, na forma dos filmes”, declarou o professor em junho de 2020.nnMuitas produções do tipo, consumidas no Brasil, são “importadas” como forma de entretenimento, mas versões regionais também fazem parte do “catálogo”. Como é o caso do canal ‘Colecionador de ossos’, apresentado por Bryan Emmendörfer, com vídeos que contam casos criminais que ocorrem em todo o mundo.nnUm exemplo é um caso recente que ocorreu no Amazonas e gerou diversas especulações. No último dia 7 de novembro, um vídeo foi publicado no canal falando do caso de uma ossada humana encontrada na praia da Ponta Negra, um dos pontos turísticos mais populares de Manaus, culminando em uma teoria sobre o possível surgimento de um serial killer (assassino em série) na capital amazonense.nnNo vídeo, a história faz uma ligação entre a relação de ossadas encontradas nos últimos meses, em diferentes lugares da cidade e na região metropolitana. Um dos casos de mais destaque é da ossada encontrada pelos banhistas no dia 9 de outubro. Os vídeos do momento em que os bombeiros retiram o esqueleto da água viralizaram nas redes sociais. As imagens são chocantes, mas pareciam não abalar a população que registrava o momento.nnApós esse episódio, devido ao período da seca, outras ossadas humanas começaram a surgir na orla da cidade. Assim, a teoria do vídeo traz um mapeamento de outros 14 casos que aconteceram na cidade, levando a acreditar que seria uma forma de modus operandi (modo de operação) de algum serial killer.nn
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Foto: Reprodução / Atlas da Violência
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nnEntretanto, o vídeo reforça que os casos de criminalidade cresceram em Manaus no último ano. De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado no fim de junho deste ano, Manaus teve aumento de 48,9% no número de mortes violentas entre 2020 e 2021. O anuário também aponta um ranking das cidades mais violentas do Brasil, onde Manaus está entre as seis capitais que apresentaram alta no número em todo o país.nnA Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM) realizou um levantamento entre os meses de janeiro a agosto de 2022 e registrou 853 casos, 5,4% a menos do que no ano anterior. Mas apesar da redução local, a taxa geral de violência cresceu no Brasil. Dados do Atlas da Violência, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontam que em 2019 houve 45.503 homicídios no país, o que corresponde a uma taxa de 21,7 mortes por 100 mil habitantes, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS).nnVoltando à análise do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, o número de mortes violentas intencionais chegou a 1.670.nnOutro ponto a se pensar é que a região amazônica é alvo de narcotráfico, pois na região há uma integração e conexão de redes ilegais do tráfico de drogas como a cocaína, e estas redes são produzidas a partir da interação espacial que envolve os rios e as cidades da região.nnO Amazonas é uma das portas de entrada da cocaína de origem peruana e de skank de origem colombiana, por exemplo, usando o rio Solimões e o rio Javali como rotas.nn
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“É diante deste contexto que as facções do crime organizado que atuam no Brasil passaram a enxergar a Amazônia enquanto uma região estratégica para a geopolítica do narcotráfico, que é constituída por essa relação transfronteiriça que envolve múltiplos agentes cada um com sua função específica no universo do crime. Facções da região sudeste do Brasil, a exemplo do Comando Vermelho, originária do Rio de Janeiro, e do Primeiro Comando da Capital (PCC), proveniente de São Paulo, passaram então a ter interesses em atuar nas áreas de fronteira, bem como em cidades consideradas importantes para a fluidez da droga. O interesse destas facções está relacionado na busca pelo controle das principais rotas do tráfico de drogas na Amazônia. Todavia, algumas facções locais compreenderam melhor os mecanismos de funcionamento das redes ilegais através da Amazônia e, dessa forma, o estado do Amazonas e o estado do Pará, considerados como os grandes “corredores” de circulação de mercadorias ilícitas (drogas, madeiras e minérios contrabandeados), tornaram-se o lócus de surgimento de grupos criminosos regionalizados, tais como Família do Norte (FDN-AM) e Comando Classe A (CCA-PA)”,nntrecho do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
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nnNa Amazônia Legal, 34 facções foram registradas, divididas entre os Estados do Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Tocantins e Maranhão.nnAs principais facções são: Comando Vermelho (CV), Família do Norte (FDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC). O CV e o PCC estão em 8 dos 9 Estados da Amazônia Legal. Diferente dos outros Estados, o Mato Grosso é o único comandado unicamente pelo Comando Vermelho (CV).nnCom informações: Portal Amazôniann