Por: José Walmir Este ano, assim como em vários outros, a Amazônia está em evidência mundial em razão da realização […]

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Sustentabilidade para que ou para quem?

Por: José Walmir

Este ano, assim como em vários outros, a Amazônia está em evidência mundial em razão da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, também chamada de COP30, que será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém, capital do nosso estado irmão, Pará.

Apesar da massificação das notícias sobre um evento que visa dialogar, apontar e encontrar soluções e parcerias destinadas a fortalecer as ações de combate às mudanças climáticas e seus efeitos catastróficos, para o caboclo amazônico, talvez, a pergunta mais importante seja sobre o que realmente significa essa e todas as outras políticas que versam sobre sustentabilidade.

Em suma, a sustentabilidade diz respeito essencialmente sobre a perpetuação das nossas vidas em função das relações socioambientais que compartilhamos com outros sistemas vivos que conosco coabitam este planeta.

A busca por um mundo sustentável é um projeto humano destinado à construção de vários outros objetivos e propósitos também humanos, sendo o principal, a permanência viva em um planeta vivo e limitado que, no atual momento, parece ser o único conhecido com capacidade e recursos para sustentar uma coletividade humana.

Não restam dúvidas de que a preocupação com os efeitos das mudanças climáticas e a defesa da vida de muitas espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção conseguem carregar um apelo mundial muito maior na atualidade pelo fato de afetarem diretamente tanto a qualidade de vida das pessoas em quase todas as localidades do planeta, em especial nas regiões mais pobres, quanto a capacidade da própria vida humana de nascer, crescer e se reproduzir de forma saudável e adequada.

Talvez a resposta humana aos problemas ambientais não fosse a mesma caso as mudanças climáticas e os processos de degradação e de destruição do ambiente natural não tivessem impactos tão devastadores na qualidade de vida das pessoas, inclusive, daquelas com maiores recursos. Contudo, a elite político-econômica mundial, além de não poder se eximir da culpa que carrega, já não pode contar com os antigos instrumentos destinados à reparação do meio ambiente.

Nas primeiras sociedades, as mudanças climáticas locais impactavam diretamente na própria capacidade de sobrevivência de todos. Carentes de conhecimento científico para explicar a falta de chuvas ou as grandes inundações, os “sacerdotes” antigos acreditavam que estavam sendo punido pelos seus deuses e que a única forma de com eles se desculpar seria através do sacrifício de humanos, especialmente de crianças e virgens.

Infelizmente, o sacrifício de humanos em razão das mudanças climáticas continua por outros meios, via escassez de alimentos e de água potável, falta de saneamento, além da ausência dos povos amazônicos originários na composição dos debates principais.

Considerando-se as tragédias ambientais mais recentes (seca na Amazonia, inundações no Rio Grande do Sul) espera-se (ou se sonha) que a COP30 consiga avançar em soluções práticas que impactem na melhoria das nossas relações com o planeta, pois, desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, passando pelo emblemático relatório de Brundtland, em 1987, que sabemos muito sobre as causas e os efeitos das mudanças climáticas sobre nossas vidas.

Resta-nos, tão somente, trabalharmos efetivamente pela implementação das soluções conhecidas que efetivamente funcionam. Começando pelo reaprendizado sobre as novas relações que devemos manter com o meio ambiente na cidade que vivemos, como a reciclagem, o consumo consciente de peixes e o uso adequado da nossa bela reserva de água.

*José Walmir é Mestre em Gestão e Liderança e Escritor

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