O mês de setembro começou e com ele um tema oportuno a ser debatido – a prevenção ao suicídio. Somente […]

‘Setembro Amarelo’: a importância da discussão para prevenção e combate ao suicídio

O mês de setembro começou e com ele um tema oportuno a ser debatido – a prevenção ao suicídio. Somente no Brasil, cerca de 23 brasileiros tiram a própria vida por dia – número superior a de pessoas vítimas de AIDS e câncer, por exemplo. Há três anos, foi lançada a campanha ‘Setembro Amarelo’ no país, visando prevenir a prática do suicídio.nnMas o que significa ‘Setembro Amarelo’?nn’Setembro Amarelo’ é uma campanha do Centro de Valorização da Vida, que busca trazer o diálogo sobre o suicídio para a sociedade. Desde 2015, o mês é simbolizado através da conscientização e prevenção de um ato que vem ceifando a vida de milhares de brasileiros a cada ano.nnHistóriannA cor amarela é usada para representar o mês da prevenção devido ao caso de Dale Emme e Darlene Emme, que vivenciaram o drama do suicídio após seu filho de apenas 17 anos tirar a própria vida.  O casal foi o início do programa de prevenção de suicídio “fita amarela” (ou Yellow Ribbon em inglês).nnNo ano de 1994, Mike Emme, filho do casal, se matou aos 17 anos de idade. O garoto era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica, que o fez restaurar um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Mike tinha verdadeiro amor pelo veículo e por causa dele começou a ser conhecido como “Mustang Mike”.nnEntretanto, infelizmente, os pais, parentes e amigos de Mike não viram os sinais e o fim da vida do garoto chegou precocemente. No dia do funeral do rapaz, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike e possuíam uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda.nnOs cartões rapidamente se espalharam pelos Estados Unidos. Em algumas semanas começaram a aparecer ligações. Um professor de outro estado havia recebido um dos cartões de uma aluna, pedindo por ajuda. Diversas cartas chegavam de adolescentes buscando apoio.nnA partir daí, a fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda.nnEm 2003 a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, e o amarelo do mustang de Mike é a cor escolhida para representar esta luta.nnSuicídio, depressão e ansiedadennEstima-se que uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos no mundo. No Brasil, o ato de tirar a própria é a quarta causa que mais mata jovens.nnO perigo ronda as famílias de todas as camadas sociais. Doenças como a depressão e a ansiedade acometem cada vez mais nossa juventude e tem sido uma das maiores causas de suicídio, não somente no Brasil. De acordo com a OMS, cerca de 11 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão.nnPor conta do (ainda) imenso tabu em discutir sobre o tema, muitas vez o problema passa despercebido e só vem à tona quando a pessoa chegou ao ato extremo de atentar contra a própria vida. Diariamente, é possível ver espalhado pelas redes sociais uma diversidade relativamente grande de jovens dando sinais que sofrem da doença ou está à beira de cometer suicídio. O que outrora era tido como ”frescura”, tornou-se questão de saúde pública.nnDiante dos relatos que estão sendo divulgados na mídia ou numa simples conversa entre amigos, parece cada vez mais claro que a família tem um papel fundamental no tema, seja no combate e na prevenção ou na agravamento do problema.nnGeralmente, jovens deprimidos e propícios a cometer suicídio vivem uma vida familiar desestruturada e sem diálogo. Os problemas mentais que por só já deixam a pessoa vulnerável, agravam-se ainda mais em um ambiente onde a família vive em ”pé de guerra”, que não conversa e não prepara o jovem para a dura realidade da vida.nnOutras causas como o bullyng, rejeição e medo também são causas que podem levar uma pessoa à depressão e consequentemente ao desejo de se matar.nnA ansiedade por sua vez, ainda que não se tenha algo concreto sobre como ela ocorre, nasce também da depressão, em alguns casos. Há inúmeros fatores que podem levar uma pessoa a sofrer desse mal, como por exemplo: traumas oriundos de abusos físicos ou psicológicos, abuso de medicamentos excitantes ou que sofrem de doenças psicológicas como a depressão, bipolaridade e esquizofrenia, além de estar relacionada à doenças cardiovasculares e sistema respiratório frágil.nnSinais suicidasnn”A pessoa quando quer se matar não avisa, vai lá e faz”. É comum ainda ouvir esse tipo comentário, que não é fiel a realidade dos fatos. Sinais, gestos e comportamentos são expostos para quem quiser ver e ouvir, é como um pedido de socorro sútil e extremo.nnComo dito antes, as redes sociais estão repletas de pessoas, em especial adolescentes e jovens, dando sinais claros que podem estar passando por algum tipo de transtorno mental ou com pensamentos suicidas, fechar os olhos para estes sinais, é condenar a pessoa a se isolar no sofrimento e deixá-la caminhar em direção à morte.nnComentários como: ”queria nunca mais acordar”; ”vontade de sumir”, ”o bom seria morrer e deixar todo mundo em paz”; são sintomas que podem indicar que determinada pessoa está muito próxima de cometer um ato extremo. Outros sinais partem de gestos e comportamentos. – Isolamento, tranquilidade aparente, felicidade repentina e desfazer-se de objetos são sinais de que algo não está caminhando na normalidade.nnA felicidade repentina, que pode acometer em alguém que sofre de uma profunda depressão, é um sinal emergencial. O perigo consiste em achar que a pessoa está melhorando, quando na verdade é um forte de sintoma de que algo extremo está prestes a acontecer. Numa ocasião como está, é bom ligar o sinal alerta!nnComo ajudar e o que não fazer?nnQuando se conhece alguém com características suicidas, o fundamental é ouvir e incentivar a pessoa a buscar ajuda profissional, além de se manter sempre por perto.nnEscutar sem oferecer soluções milagrosas e práticas, é uma grande ajuda. É essencial fazer com que a pessoa saiba que não está só. Por vezes, na tentativa de ajudar, mas sem o devido conhecimento clínico sobre o assunto, o indivíduo acaba podendo colaborar para o agravamento do problema. Por isso, é fundamental buscar a ajuda de um profissional.nn”Ah, fulano só quer chamar atenção!” Outro comentário bastante comum, mas que deve ser evitado fervorosamente, uma vez que pensamento suicida não é questão de opinião. É necessário também evitar brigar com pessoas que estejam passando por tal situação, fazer com que elas se sintam culpadas somente contribui para que o sentimento de suicídio cresça.nnÉ importante evitar frases ”clichês” com intensão de passar positividade, que ao invés de ajudar, fazem com que essas pessoas se sintam ainda mais inferiores. Muitas vezes na ideia de querer ajudar, frases do tipo: ”pense positivo”; ”a vida é boa”; ”tanta gente querendo viver e você querendo se matar”; podem se torna uma faca de dois gumes.nnDiscussão e esperançannA campanha Setembro Amarelo traz à discussão este tema de fundamental importância, afinal, muitas pessoas estão morrendo caladas, enquanto outras ainda tratam o problema com cruel indiferença.nnSegundo o site da campanha, de acordo com a OMS, 9 entre cada 10 pessoas com pensamentos suicidas tendem a vencer este mal a partir do momento em que buscam ajuda e fazem um intenso trabalho de prevenção. É um sinal de esperança para aqueles que já perderam praticamente tudo.nnAssim, é importante cada vez mais expôr esse problema perante a sociedade, quebrar algumas barreiras e fomentar a prevenção. Muitas vidas podem ser salvas.nnSe alguém sofre do seu lado, não feche os olhos, não condene, nem tão pouco aja como se fosse superior. É fundamental motivar as pessoas a buscar ajuda e ser apoio.nnCVVnnO Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Para mais detalhes, acesse o site: CVV; ou entre em contato no número 188, caso você esteja precisando de ajuda.nn*Este artigo contou com informações dos sites do Centro de Valorização da Vida e do Setembro Amarelo

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