No happy hour de sexta-feira, eu e minha esposa, juntamente com nossos grandes amigos Sid, Dislane e Adriana, dentre vários […]

Seleção pelo currículo, demissão por falta de criatividade

No happy hour de sexta-feira, eu e minha esposa, juntamente com nossos grandes amigos Sid, Dislane e Adriana, dentre vários assuntos comentados, falamos sobre duas questões fundamentais que as empresas NÃO observam com cautela na hora de contratar, que são a perspectiva sobre a capacidade de introdução de mudanças e de inovação, além dos valores principais que fundamentam a vida profissional das pessoas que lhes prestam serviços.

Um dos principais problemas em relação ao tema é que essas características, que se situam acima da disciplina para o trabalho, não são “averbadas” em currículos convencionais, mesmo que, em um dado nível profissional, são elas que definem – de forma absoluta – a postura principal desenvolvida por qualquer profissional em qualquer organização que se organiza de forma estruturada para a produção de alguma utilidade.

Eu entendo que essa não é uma questão de fácil resolução, posto que, a “ideologia” organizacional dominante na atualidade considera que as competências mais relevantes – na hora de contratar alguém – se resumem ao nível de conhecimento que se relaciona com as habilidades e as atitudes comportamentais em relação ao processo de saber fazer de forma adequada – eficácia.

Contudo, considerando que, na sociedade moderna, o capital intelectual se constitui no maior diferencial de competitividade de qualquer organização, e considerando que o nível de conhecimento que fundamenta aquilo que se considera como capital intelectual jamais será absoluto, então, qualquer organização que pretenda crescer de forma estruturada ao longo do tempo precisa necessariamente contratar pessoas que tenham, como fundamentação principal para o trabalho, a capacidade de introduzir melhorias e inovações permanentes e coordenadas, pelo simples fato de que as práticas gerenciais do passado não são suficientes para continuação segura dos negócios atuais e futuros.

Empresas investem uma fortuna em inovação tecnológica e produção de mais conhecimento porque consideram que o conhecimento é o principal fator de geração de riqueza do mundo moderno, e por considerarem também que o conhecimento é sempre expansivo ao longo do tempo. Logo, o investimento na ampliação do nível de conhecimento e na capacidade de inovação são dois fatores fundamentais para o atingimento daquilo que qualquer organização pretende construir a médio e longo prazo. E isso, por si só, fundamenta a necessidade que as empresas têm em contratar profissionais que tenham como principal motivação para o trabalho, além de suas habilidades e atitudes, a capacidade de produzir inovação e melhorias em qualquer processo de trabalho, de gestão ou de segurança operacional. Empresas que não desenvolvem essa perspectiva e que não investem na melhoria continuada de produtos, de processos e de pessoas, fatalmente tendem ao fracasso em um futuro próximo.

Essa questão se fundamenta ainda mais, pelo fato de que as organizações não criam conhecimento por si mesmas, elas apenas se apropriam de um determinado conhecimento incorporado a alguém que pode ser compartilhado por toda uma cadeia estruturada de trabalho, de gestão e de produção de bens e serviços, produzindo uma sinergia operacional que se transforma em conhecimento organizacional puro, efetivo e lucrativo. Portanto, uma das principais características de qualquer organização eficiente é a busca “insana” pela inovação e pelo desenvolvimento de melhorias que “atualizam” as bases principais do negócio, adequando-o às novas formas de percepção daquilo que é relevante em um dado tempo e lugar.

Assim, eu clamo aos profissionais que trabalham com recrutamento e seleções na distante cidade de Manaus, que acrescentem às suas entrevistas admissionais duas questões extremamente relevantes e que podem ser determinantes para manutenção estruturada de uma ideologia organizacional que pretende ser efetiva e rentável no longo prazo: quais as melhorias que se pretende introduzir na empresa e quais os valores mais relevantes são considerados, no ambiente de trabalho, para quem pretende concorrer às vagas que são disponibilizadas pela seleção externa.

Por fim, trabalhar em um mundo onde as tecnologias lógicas também ajudam a disciplinar a gestão dos negócios, assim como a gestão de pessoas, não deixa dúvidas de que, em breve, as organizações passarão a recrutar profissionais não mais pela tradicional leitura e interpretação de currículo vitae, mas sim, pela capacidade de resolução de problemas e pela apresentação de melhorias para determinadas situações que as empresas enfrentam no dia a dia, através de plataformas remotas de seleção.

José Walmir Monteiro da Silva é Servidor Público, Professor e Economista. Também é escritor e autor do livro “Criatividade, Trabalho e Rock N” Roll na Era do Conhecimento”.

 

Deixe um comentário