O piquiá (Caryocar villosum) é um fruto nativo da floresta amazônica que ainda não ganhou o protagonismo de outros frutos […]

O piquiá: um tesouro pouco conhecido da Amazônia
O piquiá (Caryocar villosum) é um fruto nativo da floresta amazônica que ainda não ganhou o protagonismo de outros frutos como o açaí ou o buriti, mas carrega um enorme potencial escondido na biodiversidade da região.
As árvores que dão o piquiá podem atingir até 50 metros de altura e um diâmetro de 2,5 metros – verdadeiras gigantes na floresta. A casca do fruto representa cerca de 76% do seu peso, enquanto a polpa é apenas cerca de 10%. Isso faz com que, ao processar 1 tonelada de piquiá, quase 900 quilos acabem como resíduo, o que evidencia os desafios de aproveitamento.
Nutrição e benefícios
Apesar da polpa ser pequena, ela é bastante nutritiva: o piquiá fornece proteínas, fibras e lipídios, além de minerais como cálcio, magnésio, fósforo, ferro e selênio, e vitaminas A, C e E. Entre seus componentes estão também ácidos graxos como o oleico (presente no azeite de oliva), que pode ajudar a reduzir o colesterol “ruim” e a proteger o coração.
Usos e aplicações
O piquiá mostra sua versatilidade em diversas frentes. O óleo extraído da polpa ou da amêndoa pode servir para fabricar sabonetes, cosméticos, cremes e até atuar na conservação de alimentos. Já a casca, resistente, pode virar farinha, e a madeira da árvore é aproveitada no ecodesign de móveis.
Ainda, a madeira do piquiá é útil nas construções civil e naval, além de ser usada para fabricar canoas nas comunidades ribeirinhas. O fruto também pode pesar de 250 g a mais de 700 g, e usualmente traz de 1 a 2 caroços revestidos por polpa oleosa. Os subprodutos — como a casca e os caroços — têm aproveitamento como ração para bovinos e suínos.
Curiosidades e desafios
Para consumir o piquiá, é necessário cozinhá-lo ou assá-lo, e há espinhos internos que devem ser removidos com cuidado. As mudas dessa árvore têm dificuldade em crescer sob sombra, o que limita sua regeneração natural.
Mesmo com seu potencial, o piquiá ainda é pouco estimulado comercialmente. Ele está “escondido” no imenso leque de riquezas da Amazônia, aguardando que se explorem suas possibilidades de forma sustentável — valorizando cultura, biodiversidade e economia local.
(*) Fonte: Portal Amazônia