O enigmático urutau: a ave noturna que inspira lendas e mistério

Os urutaus, também conhecidos como mãe-da-lua ou emenda-toco, são aves noturnas exclusivas da América do Sul. Pertencentes ao gênero Nyctibius, da família Nyctibiidae, essas aves chamam a atenção tanto por seus hábitos quanto pelas histórias que as cercam. Registros fósseis de um Nyctibius griseus encontrados em Lagoa Santa, Minas Gerais, revelam que a espécie já habitava o território brasileiro desde o período Pleistoceno.

De hábitos noturnos, o urutau se alimenta principalmente de insetos capturados em pleno voo, mas pode incluir em sua dieta pequenos animais como morcegos, lagartos e aves menores. Com até 37 centímetros de comprimento, a espécie se destaca pela impressionante capacidade de camuflagem: imóveis em troncos e galhos, confundem-se perfeitamente com pedaços de madeira, o que dificulta a percepção de predadores e até mesmo de observadores humanos.

Uma ave cercada de crenças populares

No imaginário popular, especialmente entre moradores de áreas rurais, o urutau é visto como símbolo de nobreza e força, justamente pela forma como enfrenta os perigos. Sua vocalização, descrita como bizarra e melancólica, alimenta inúmeras lendas. O canto, que soa como “foi, foi, foi…”, está associado à aparição da lua e é interpretado de formas diversas: para alguns, trata-se do lamento de uma mulher transformada em ave após perder seu amor; para outros, um presságio de morte ou infortúnio. Não por acaso, é também chamado de pássaro-fantasma.

A origem do nome

O nome urutau vem do tupi uruta’gwi, que significa “ave da família dos nictibiídeos, coruja”. A palavra ganhou variações na língua portuguesa, como jurutau, aratau e urutago, reforçando a presença dessa ave tanto na cultura quanto no folclore brasileiro.

Misterioso, discreto e cercado de lendas, o urutau permanece como uma das aves mais emblemáticas da fauna sul-americana.