“A última campanha de Martin Luther King Jr foi a Campanha dos Pobres. Isso é muito importante, eliminar a pobreza. […]
Morte de Martin Luther King completa 50 anos e ex-assessor relembra lutas
“A última campanha de Martin Luther King Jr foi a Campanha dos Pobres. Isso é muito importante, eliminar a pobreza. Isso ainda não foi alcançado”. A afirmação é Tom Houck, ativista que trabalhou na juventude como assistente pessoal de Martin Luther King Jr. e motorista da família dele.nnCinquenta anos após a morte de Martin Luther King Jr, completados nesta quarta-feira (04), Houck conversou com nossa reportagem sobre como conheceu um dos principais líderes dos direitos civis nos Estados Unidos e detalhes sobre a vida dele.nnFilho e neto de pastores protestantes batistas, Martin Luther King Jr. formou-se em teologia e foi como pastor em Montgomery, capital do Alabama, que iniciou sua luta pela igualdade de direitos para negros e brancos nos Estados Unidos.nnLiderou, em 1955, o boicote aos serviços de transportes na cidade após a costureira negra Rosa Parks ter se recusado a ceder o lugar no ônibus para um branco e foi presa. O boicote durou quase um ano e King foi preso.nnNa década de 60, durante os boicotes aos transporte públicos, Tom Houck, ainda estudante do ensino médio, decidiu seguir o reverendo Martin Luther King em Montgomery, e, desde então, nunca mais abandonou a luta pela igualdade racial.nnHouck conta que conheceu o líder norte-americano quando aguardava uma carona, sentado na entrada do Southern Christian Leadership Conference (SCLC), conferência de liderança cristã, que foi presidida por Martin Luther King Jr., organização que defende os direitos civis dos afro-americanos.nnnnPasseionnHoje, aos 70 anos, Houck criou um passeio turístico especializado em direitos civis em Atlanta, na Geórgia, onde conta histórias e experiências vividas com “Dr. King”, cidade em que o líder nasceu e viveu.nnA Agência Brasil acompanhou o passeio de ônibus no último sábado, dia 31. De pé, na parte da frente do ônibus, Tom Houck conta detalhes da história, alguns pouco conhecidos, de Martin Luther King Jr., como que era bastante galanteador e fumava muitos cigarros por dia – hábito que irritava a mulher.nn”Algumas vezes Dr. King me dava os cigarros e eu escondia, porque Dona Coretta saia procurando nos bolsos dele”.nnUma das paradas do passeio, por exemplo, é a casa onde o ativista viveu com a família os últimos anos de vida, no sudoeste de Atlanta, um dos bairros mais pobres e violentos da cidade, com maioria dos residentes negros.nnNo tour, Houck tenta mostrar que Martin Luther King Jr. era uma pessoa real. “Ele não era perfeito. Mas tinha o sonho e teve a visão que conhecemos e que seguimos”.nnDurante o passeio, de três horas, ele mostra contrastes da cidade de Atlanta, como por exemplo uma estátua do General Gordon próxima a um monumento de Martin Luther King.nnAo ver a estátua, diz ao grupo: “Esta estátua ainda está aqui?”. A reportagem pergunta: “Mas é parte da história, não?”. Ele responde: “Sim, mas este general era muito racista”.nnOutra parada é o cemitério onde inicialmente foi levado o corpo de Martin Luther King Jr.nnEm 1984, o corpo foi transferido para o parque nacional, que fica no centro de Atlanta. Segundo Houck, o motivo foram as tentativas sucessivas de saque ao jazigo da família.nnSobre a lição mais importante aprendida com o ícone da luta contra o racismo, Houck afirma que sem dúvida foi a resistência, a não violência e o amor.nn“Eu tenho um sonho”nnEm 28 de agosto de 1963, Martin Luther King Jr. fez seu discurso mais emblemático para mais de 200 mil que marcharam, em Washington, pelo fim da segregação racial. “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter, e não pela cor da pele. No ano seguinte, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em 4 abril de 1968, foi assassinado a tiros em um hotel na cidade de Memphis.nnA luta de King levou a implantação da lei dos Direitos Civis e dos Direitos de Voto, em 1964 e 1965, que colocaram fim às normas estaduais de segregação racial nos Estados Unidos.nnKing era casado com Coretta e teve quatro filhos.nnPor Agência Brasil