O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, declarou, nesta terça-feira (10), que a minuta do golpe, encontrada pela Polícia […]

“Minuta do golpe é minuta do Google”, diz Torres durante interrogatório
O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, declarou, nesta terça-feira (10), que a minuta do golpe, encontrada pela Polícia Federal em sua casa, era “minuta do Google”.
“Na verdade, ministro, eu brinquei, não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque está no Google até hoje. Esse documento, ministro, foi entregue ao meu gabinete, no Ministério da Justiça, eu levava diariamente duas pastas para minha residência. Uma delas com agenda do dia seguinte, eventuais minutas de discurso e outra com documentos gerais que vinham do Ministério. Eu realmente nem me lembrava dessa minuta, fui ver isso quando foi apreendido pela Polícia Federal, foi uma surpresa”, disse o réu durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento que pedia uma intervenção contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o chamado “estado de defesa”, para anular o resultado da eleição presidencial em 2022 foi encontrado em um armário na casa de Torres. Segundo o ex-ministro, a minuta ter sido achada em sua residência foi “uma fatalidade” e que deveria ter sido “destruída”.
“Isso foi colocado para ser descartado. Eu nunca tratei isso com o presidente da República, eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete no Ministério da Justiça. Foi organizado pela minha assessoria que isso veio num envelope dentro e foi parar na minha casa. Mas eu nunca discuti esse assunto, nunca trouxe isso a tona. Foi uma fatalidade que aconteceu, porque já era para ter sido destruída há muito tempo. Não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer. Eu nunca, nunca, nunca discuti esse assunto”.
Torres ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia dos ataques de 8 de janeiro. Ele é acusado de tentativa de golpe de Estado pela Procuradoria-Geral da República.
Interrogatório no STF
O STF está no segundo dia de interrogatório, nesta terça-feira (10), e Torres é o segundo a ser ouvido, após o almirante Almir Garnier.
Os oito réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022 serão ouvidos ao longo desta semana, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto.
A Primeira Turma do STF reservou os cinco dias desta semana para os interrogatórios.
O delator, tenente-coronel, Mauro Cid, foi o primeiro a ser ouvido, na segunda-feira.
Cid depôs por quase quatro horas e detalhou sua colaboração premiada e pontos questionados pelas defesas dos oito réus.
Em seu depoimento, ele reafirmou ao ministro Alexandre de Moraes as intenções golpistas de Almir Garnier, então comandante da Marinha, ao relatar um incômodo do então comandante do Exército Freire Gomes.
“O general Freire Gomes tinha ficado muito chateado, porque o almirante Garnier tinha colocado as tropas da Marinha à disposição do presidente, mas que ele só poderia fazer alguma coisa com apoio do Exército. Então, o general Freire Gomes ficou chateado de terem transferido a responsabilidade para ele”, afirmou o delator.
(*) Com informações: CNN Brasil