O jovem de 16 anos que foi agredido até a morte em uma festa no Parque da Cidade, em Brasília, […]
Jovem que morreu linchado em festa no DF não roubou celular, diz Polícia Civil
O jovem de 16 anos que foi agredido até a morte em uma festa no Parque da Cidade, em Brasília, não teve relação com o roubo de celular que “motivou” o linchamento. Segundo a Polícia Civil, o crime foi praticado por um amigo do adolescente, que conseguiu fugir.
Vitor Martins Melo foi linchado por cerca de 20 pessoas e morreu no local, no último sábado (26), durante uma festa não autorizada pelo governo. Testemunhas disseram à polícia que ele teria participado de um assalto, mas a corporação diz que os depoimentos eram contraditórios.
Ataliba Neto, delegado responsável pelo caso, informou que o assaltante que estava com Vitor agiu sozinho – pegando o celular na bolsa de uma menina e, em seguida, fugindo em disparada.
“O Vitor estava caminhando atrás. Ele foi agarrado pela própria vítima, se desvencilhou, correu e acabou perseguido pela multidão. Logo depois, foi linchado”, afirmou.
Nesta sexta-feira (1º), a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra nove pessoas, incluindo amigos de Vítor e da jovem que teve o celular roubado.
Ainda conforme Neto, as investigações apontam que alguns amigos do adolescente linchado foram à festa “para roubar celulares”. Três desses amigos já têm passagens pela Delegacia da Criança e do Adolescente, pelo mesmo tipo de infração.
Neste sábado (2), o amigo que teria roubado o celular foi ouvido pela Polícia Civil, mas negou participação no crime e foi liberado. O inquérito deve ser concluído nas próximas semanas.
Agressores impunes
Após o linchamento, os autores das agressões também roubaram roupas, celulares e documentos de Vitor, que foi deixado apenas de cueca no local do crime. Até a tarde deste sábado, nenhum responsável pelos golpes tinha sido, ao menos, identificado.
Cerca de 20 pessoas atacaram o adolescente com socos, chutes, golpes de faca e garrafadas. O pai de Vitor, Iris de Melo, comentou que o filho estudava e trabalhava, e não tinha qualquer envolvimento em atos ilícitos. Ele disse à TV Globo que os linchadores “não podem ser considerados humanos”.
Durante as investigações, a polícia descobriu que Vitor e a menina que teve o celular roubado estudavam na mesma escola, e frequentavam pelo menos uma aula juntos. Em depoimento, ela disse que não conhecia o colega.
Festa ilegal
A festa “Cala a boca e me beija”, divulgada nas redes sociais, reuniu cerca de 1.500 pessoas em um estacionamento do parque. A Polícia Civil afirmou que o evento não tinha autorização para ser realizada no espaço público, e que os organizadores podem responder civilmente pelo caso.
Responsável pela gestão do Parque da Cidade, a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do DF confirmou ao G1 e à TV Globo que o evento não tinha autorização.
*Fonte: Portal G1