Na província de Zhejiang, sudeste da China, uma mulher de 67 anos entrou em coma após passar duas horas exposta […]

Foto: Pixabay

Idosa sofre hemorragia e fica em coma após exposição ao sol na China

Na província de Zhejiang, sudeste da China, uma mulher de 67 anos entrou em coma após passar duas horas exposta ao sol do meio-dia em uma tentativa de seguir uma prática popular da medicina tradicional chinesa. A senhora, identificada apenas pelo sobrenome Wang, buscava aumentar sua “energia yang” ao se deitar de bruços no quintal de casa, em uma área sem sombra, sob temperaturas entre 30 °C e 34 °C.

A prática, que segundo crenças tradicionais ajudaria a “dissipar umidade” e “curar doenças”, teve um desfecho grave. Pouco tempo depois de retornar para dentro de casa, Wang perdeu a consciência e foi levada às pressas ao hospital. Lá, os médicos diagnosticaram uma hemorragia cerebral aneurismática e uma hérnia cerebral. Apesar de passar por uma cirurgia de emergência, ela entrou em coma logo após o procedimento.

Segundo o diretor do Departamento de Reabilitação do Hospital Popular Provincial de Zhejiang, Dr. Ye Xiangming, a paciente sofreu lesões cerebrais graves e ficou acamada por um longo período, o que aumentou os riscos de complicações secundárias. O tratamento incluiu cirurgias adicionais, sessões intensivas de reabilitação e acupuntura. Com o tempo, Wang recuperou parcialmente funções como fala, alimentação e mobilidade com auxílio.

O caso acendeu o alerta entre especialistas e autoridades médicas sobre os perigos da exposição prolongada ao sol, especialmente entre idosos e pessoas com histórico de hipertensão ou doenças cerebrovasculares. O próprio Dr. Ye foi enfático ao afirmar que não há base científica para a ideia de que tomar sol nas costas possa curar doenças. “Essa crença, quando levada ao extremo, pode custar a vida”, afirmou.

O episódio repercutiu amplamente nas redes sociais chinesas, em um momento em que o país enfrenta um aumento nas mortes relacionadas ao calor extremo. Um estudo publicado pela revista científica The Lancet apontou que, só em 2022, mais de 50 mil mortes na China tiveram como causa ondas de calor severas.

Entre as vozes que reforçaram os alertas está a influenciadora médica Zhuangshi Lihe, seguida por milhões de pessoas. Ela classificou a prática como “sem fundamento” e pediu cautela. “Expor-se ao sol pode ter benefícios quando feito com moderação e segurança. O que vimos aqui foi um erro grave, motivado por desinformação.”

Nos comentários online, muitos usuários lamentaram o ocorrido e condenaram a propagação de práticas sem respaldo científico. Uma das frases mais compartilhadas dizia: “Ela literalmente tomou sol com a vida”. Outra, mais direta, resumiu o sentimento de indignação: “Nem quem é saudável aguentaria duas horas sob sol direto — imagine alguém com histórico de saúde delicado.”

O caso reforça a importância da informação responsável e do acompanhamento médico adequado. Em tempos de calor extremo e redes sociais acelerando o alcance de todo tipo de conselho, distinguir entre tradição e evidência científica pode ser uma questão de sobrevivência.

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