Após sete meses de trégua, os Houthis — grupo rebelde apoiado pelo Irã que controla parte do território do Iêmen […]

(Foto: Reprodução/X/@decktvcom)

Houthis retomam ataques no Mar Vermelho e causam mortes, naufrágios e sequestros

Após sete meses de trégua, os Houthis — grupo rebelde apoiado pelo Irã que controla parte do território do Iêmen — voltaram a atacar navios comerciais no Mar Vermelho, uma das rotas mais estratégicas do comércio global. Desde domingo (6), ao menos dois cargueiros foram alvos de ofensivas, resultando em mortes, naufrágios e sequestros.

O primeiro ataque aconteceu contra o cargueiro Magic Seas, de bandeira liberiana e operado por uma empresa grega. A embarcação foi atingida por mísseis e drones enquanto navegava próximo à costa do Iêmen. Os 22 tripulantes conseguiram abandonar o navio e foram resgatados por uma embarcação que estava nas proximidades. Os Houthis alegaram que o navio violava uma proibição de entrada nos portos da “Palestina ocupada”.

Na segunda-feira (7), foi a vez do Eternity C, outro navio de bandeira liberiana, também administrado por uma empresa grega. A embarcação, que supostamente seguia para o porto israelense de Eilat, foi atacada com uma combinação de granadas, mísseis balísticos e de cruzeiro, além de um barco não tripulado. Após resistir por dias aos danos, o graneleiro afundou na manhã de quarta-feira (9), segundo a Agência Britânica de Operações Comerciais Marítimas (UKMTO).

A missão naval da União Europeia no Mar Vermelho, chamada Operação Aspides, confirmou o resgate de 10 dos 25 tripulantes, incluindo três filipinos e um grego. No entanto, quatro marinheiros morreram, entre eles o engenheiro-chefe da embarcação, um lubrificador e um cadete de máquinas. Estima-se que ao menos seis tripulantes tenham sido sequestrados pelos Houthis, que afirmaram ter “resgatado” parte da tripulação, sem especificar quantos nem onde estariam.

Os ataques fazem parte de uma campanha iniciada pelos Houthis em novembro de 2023, após o início da guerra entre Hamas e Israel. O grupo afirma que os alvos são embarcações ligadas a Israel, com o objetivo de pressionar o país a cessar os bombardeios em Gaza e permitir a entrada de ajuda humanitária. No entanto, segundo a BBC, muitos dos navios atingidos não têm ligação direta com o Estado israelense.

O impacto nos fluxos comerciais tem sido severo. A rota do Mar Vermelho concentra 12% do comércio marítimo mundial, e o tráfego na região caiu cerca de 50% desde o início da ofensiva, conforme dados da plataforma PortWatch, ligada ao FMI e à Universidade de Oxford. O porto israelense de Eilat, considerado essencial para as relações comerciais com Ásia, África e países do Golfo, declarou falência devido à paralisação de suas operações.

Em resposta aos ataques, Israel bombardeou alvos dos Houthis no Iêmen, incluindo o porto de Hodeida. Os rebeldes retaliaram disparando mísseis contra Israel, um dos quais foi interceptado na quinta-feira (10). Os Estados Unidos condenaram veementemente os ataques, classificando-os como uma ameaça à liberdade de navegação e exigindo a libertação imediata dos tripulantes sequestrados.

Segundo a organização Acled, que monitora conflitos armados, os Houthis realizaram mais de 520 ataques desde outubro de 2023, sendo 176 contra navios comerciais e 155 contra Israel. As forças americanas responderam com 774 ataques aéreos no Iêmen entre janeiro de 2024 e maio de 2025, causando ao menos 550 mortes.

O secretário-geral da Organização Marítima Internacional, Arsenio Dominguez, pediu esforços diplomáticos urgentes para conter a escalada da violência. Ele alertou que “marinheiros inocentes e populações locais são as principais vítimas desse conflito”, e que a estabilidade da rota do Mar Vermelho é vital para a economia global.

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