Na imensidão das florestas brasileiras, uma das estratégias mais engenhosas da natureza chama atenção: as cobras conhecidas como falsas-corais. Diferentes […]

Falsa-Coral: a serpente que engana até especialistas com suas cores
Na imensidão das florestas brasileiras, uma das estratégias mais engenhosas da natureza chama atenção: as cobras conhecidas como falsas-corais. Diferentes espécies, pertencentes principalmente às famílias Dipsadidae e Colubridae, desenvolveram um padrão de cores semelhante ao da coral-verdadeira — uma das serpentes mais venenosas do país — como forma de defesa contra predadores.
O mimetismo é tão eficiente que muitas vezes nem especialistas conseguem distinguir uma falsa de uma verdadeira à primeira vista. As listras vermelhas, pretas e brancas, somadas a comportamentos como enrolar a cauda ou achatar o corpo, criam uma ilusão capaz de confundir até olhos treinados. O objetivo é claro: parecer perigosa para garantir a própria sobrevivência.
Embora a maioria das falsas-corais não represente risco grave para os humanos, algumas espécies possuem dentição especial e veneno de baixa potência, podendo causar acidentes. A Erythrolamprus aesculapii, conhecida como bacorá, e a Oxyrhopus trigeminus, comum em várias regiões do Brasil, são exemplos que apresentam comportamento defensivo, mas raramente provocam complicações sérias. Já na Amazônia, a Atractus latifrons impressiona por imitar até seis espécies diferentes de coral-verdadeira, tornando-se um caso único de adaptação.
Por conta da semelhança extrema, especialistas alertam: nunca tente identificar por conta própria se uma cobra é coral-verdadeira ou falsa. A recomendação é manter distância, evitar manusear o animal e acionar órgãos competentes, como Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil, em caso de encontro em áreas urbanas.
Mais do que um perigo, as falsas-corais são um retrato fascinante da engenhosidade da evolução, lembrando que na natureza aparência e sobrevivência andam lado a lado.