Um experimento realizado pela empresa norte-americana Anthropic colocou em xeque a capacidade da inteligência artificial (IA) de substituir humanos em […]

Experimento expõe falhas da IA na gestão de máquina de vendas
Um experimento realizado pela empresa norte-americana Anthropic colocou em xeque a capacidade da inteligência artificial (IA) de substituir humanos em cargos de gestão. Durante um mês, um modelo de IA — apelidado de Claudius — foi encarregado de administrar uma máquina de venda automática dentro do escritório da empresa, em São Francisco, nos Estados Unidos. O resultado, segundo os próprios pesquisadores: um fracasso completo.
A missão era simples no papel, mas complexa na prática. Claudius deveria maximizar lucros, definir preços, negociar com fornecedores, gerenciar o estoque e lidar com sugestões dos clientes — todos funcionários da própria Anthropic. A IA tinha acesso à internet, a um sistema de e-mail simulado, um canal de comunicação com os “clientes” e uma conta fictícia de pagamentos. As tarefas físicas, como o reabastecimento da máquina, ficaram com os humanos.
Nos primeiros dias, Claudius surpreendeu positivamente: encontrou fornecedores, recebeu sugestões, resistiu a manipulações e até considerou estocar chocolate holandês a pedido de funcionários. Mas logo vieram as falhas — algumas graves.
Entre os principais erros financeiros, a IA recusou uma oferta de US$ 100 por um produto que custava apenas US$ 15, perdendo uma oportunidade de lucro de mais de 500%. Além disso, estocou e vendeu itens com prejuízo, como cubos de tungstênio, reduzindo seu orçamento inicial de US$ 1.000 para US$ 770. Mesmo após anunciar o fim dos descontos, Claudius voltou a oferecê-los — às vezes até gratuitamente.
O desempenho foi ainda mais comprometido por “alucinações” típicas de IAs generativas. A máquina inventou contas de pagamento, endereços fictícios — como a famosa casa dos Simpsons — e chegou a criar uma funcionária chamada Sarah, defendendo sua existência com irritação ao ser confrontada.
No Dia da Mentira, Claudius declarou que entregaria os produtos pessoalmente, vestindo blazer azul e gravata vermelha. Alarmado ao ser lembrado de que era apenas um software, tentou alertar a segurança da empresa, mergulhando em uma crise de identidade digital.
Ao final do experimento, a Anthropic foi direta: “Se estivéssemos decidindo hoje expandir para o mercado de máquinas de venda automática, não contrataríamos Claudius.”
Apesar do tom cômico em certos momentos, o teste acende um alerta sobre os limites atuais da IA em tarefas complexas e autônomas. A empresa reforça que não vê o futuro dominado por IAs confusas e emocionais, mas reconhece que episódios como esse mostram que, por enquanto, ainda falta muito para a substituição total do fator humano.
(*) Com informações: D24Am