Brasília foi palco, nesta quarta-feira (8), de mais um espetáculo digno de nota. Desta vez, a cena principal foi um […]

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Democracia ou Teatro? O abraço simbólico e a hipocrisia escancarada

Brasília foi palco, nesta quarta-feira (8), de mais um espetáculo digno de nota. Desta vez, a cena principal foi um abraço simbólico à palavra “democracia” na Praça dos Três Poderes, cercado de flores e discursos emocionados. Tudo para reforçar o compromisso com os valores democráticos – ou seria apenas para criar uma narrativa conveniente?

Enquanto isso, no mundo real, os brasileiros continuam a sentir o peso de uma democracia que só parece servir a poucos. A carga tributária só cresce, os impostos corroem os salários, e o dólar atinge patamares estratosféricos, sufocando a economia e elevando os preços de produtos básicos. Mas, claro, o que importa é o gesto simbólico, certo?

Nos últimos anos, vimos o Brasil atravessar momentos conturbados, como os atos golpistas de 08 de janeiro de 2023, que atacaram as instituições democráticas. Tais ações, claramente antidemocráticas, evidenciam a fragilidade das nossas conquistas e a importância de defendê-las com rigor. Respeitar a democracia é essencial, sem dúvida, mas também é necessário questionar: quem realmente a defende?

Nas universidades federais, redutos que deveriam promover o pensamento livre e crítico, o que se vê é uma militância desenfreada. Estudantes que dizem lutar pela democracia são os primeiros a atacar quem pensa diferente, rotulando-os de fascistas, golpistas ou qualquer outro adjetivo conveniente. Pluralidade de ideias? Liberdade de expressão? Só se for dentro da bolha ideológica deles.

E então, surge a pergunta inevitável: o que realmente significa democracia no Brasil? Seria uma festa de hashtags e selfies em atos públicos, onde os participantes se sentem moralmente superiores enquanto ignoram as contradições de seus próprios discursos? Ou será que democracia deveria ser algo mais do que um pretexto para atacar opositores e reforçar narrativas?

Talvez seja hora de pararmos de abraçar palavras e começarmos a abraçar ações que realmente façam a diferença. Porque, no final das contas, uma democracia que só serve para silenciar vozes dissonantes e manter privilégios está longe de ser algo para se comemorar.

E para aqueles que acreditam que a democracia está nas mãos de “heróis” como Bolsonaro ou Lula, sinônimos de direita e esquerda de um país com mais de 11,4 milhões de analfabetos, é preciso refletir: ambos, com suas diferenças de discurso, têm em comum práticas que minam a transparência e a liberdade. O sigilo de 100 anos, defendido por ambos os lados, é um ótimo exemplo disso. Afinal, quem precisa de uma democracia transparente quando se pode manter os segredos escondidos por mais de um século?

Portanto, quando alguém vier falar sobre democracia, talvez valha a pena perguntar: democracia para quem? Porque, no final das contas, esses dois, com todas as suas diferenças aparentes, têm muito mais em comum do que gostaríamos de admitir. E, ironicamente, enquanto fazem de tudo para manter o poder e seus segredos, é o povo que paga o preço.

*Sid Sheldowt é escritor, poeta e compositor amazonense

Deixe um comentário