Uma crise de sarampo e desnutrição matou recentemente pelo menos 72 pessoas – principalmente crianças – na remota província indonésia […]

Crise de sarampo e desnutrição já matou cerca de 72 pessoas em Papua, província da Indonésia

Uma crise de sarampo e desnutrição matou recentemente pelo menos 72 pessoas – principalmente crianças – na remota província indonésia de Papua, lugar que abriga a maior mina de ouro do mundo. Essa tragédia colocou sob os holofotes uma região fechada para jornalistas por décadas e revelou graves falhas do governo.nnConfira o relato dos repórteres da BBC Rebecca Henschke e Hedyer Affan:nnA vida de Yulita Atap, de apenas dois meses, já tem se mostrado brutalmente difícil. A mãe dela morreu no parto. Seu pai a deixou para a morte.nn”Em meio ao sofrimento do luto, ele queria bater nela e enterrá-la junto com a mãe”, contou o tio de Yulita, Ruben Atap. “Eu disse: ‘não faça isso, Deus ficará bravo’. Ele então se acalmou e ficou grato porque nós estávamos dispostos a cuidar dela. Mas agora estamos enfrentando dificuldades para mantê-la viva”, contou.nnO bebê agora vive em uma cama em um hospital na região de Asmat, uma área coberta de selva do tamanho da Bélgica. Suas costelas estão expostas, quase penetrando a pele, seu estômago, inchado, e ela fica entre o sono e o despertar ao longo do dia.nnFuncionários do serviço de saúde do governo o ajudaram a viajar por dois dias de barco até chegar ali. Os rios são as únicas estradas na região, cortando o local de forma sinuosa, assim como cobras abraçam a selva.nn

Casal com a filha que sofre de desnutrição – Foto: AFP
nnNa cama ao lado do bebê está a família de Ofnea Yohanna. Três de seus filhos, de quatro, três e dois anos de idade, estão em situação grave de desnutrição. Ela se casou quando tinha 12 anos – aos 20, já tinha seis filhos.nn”Nós comemos quando tem alguma comida, quando não tem, não comemos. Agora, não temos um barco para pescar”, conta.nnAjuda militarnnConforme as notícias sobre a epidemia de sarampo se espalharam, o presidente Joko Widodo enviou tropas militares e equipes médicas para levar mantimentos e dar suporte às vítimas nas vilas remotas.nnOs funcionários da saúde vacinaram mais de 17,3 mil crianças, e autoridades dizem agora que o mal está sob controle.nnOs militares afirmam que estão em operação há um ano na região para identificar quais são os principais problemas locais.nn
Militar atende criança em hospital de Agats, localizada próximo ao estuário do rio Aswets (Foto: AFP)
nnMas o chefe da equipe médica militar, Asep Setia Gunawan, reconhece que a resposta de Jacarta foi lenta.nn”Vamos ser sinceros, talvez o governo local e o nacional tenham se conscientizado sobre essa epidemia tarde demais”, afirmou à agência de notícias AFP.nn*Informações da fonte: BBC Brasil

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