Por: Rickyson Martins Jr. A COP 30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, será realizada em 2025 na cidade […]

COP 30 em Belém: o clima que se discute e a realidade que se ignora
Por: Rickyson Martins Jr.
A COP 30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, será realizada em 2025 na cidade de Belém, capital do Pará, em plena Amazônia.
A escolha, anunciada com entusiasmo por autoridades brasileiras e internacionais, foi vendida como um gesto simbólico de compromisso com a proteção da floresta.
Mas, por trás da celebração, há uma dura realidade: a cidade que vai receber líderes de todo o mundo para discutir o futuro do planeta ainda não consegue garantir o mínimo de dignidade para boa parte da sua população.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), mais da metade dos habitantes de Belém não tem acesso à rede de esgoto, e muitos bairros enfrentam abastecimento irregular de água potável. Em áreas periféricas, o esgoto corre a céu aberto, o lixo se acumula nas ruas e doenças relacionadas à falta de saneamento ainda são comuns.
Essa é a Belém invisível, que precisa ser lembrada. A mesma cidade onde milhares vivem sem coleta de lixo adequada está sendo preparada para receber chefes de Estado, empresários, ONGs e celebridades. Enquanto hotéis e aeroportos passam por reformas aceleradas, nada garante que esses investimentos beneficiarão a população local quando as luzes da conferência se apagarem.
Essa contradição escancara o risco de a COP 30 se transformar em uma vitrine de greenwashing político, onde discursos bonitos escondem a omissão histórica diante da pobreza urbana e ambiental. Afinal, como falar de justiça climática global ignorando a injustiça social local?
Se o evento pretende ter legitimidade, precisa ir além dos salões refrigerados e dos discursos técnicos. É necessário colocar a população amazônica no centro da conversa — indígenas, ribeirinhos e comunidades urbanas excluídas. Também é urgente que o legado da COP 30 se traduza em investimentos reais: saneamento, saúde pública, moradia e infraestrutura para Belém e outras cidades da Amazônia.
Do contrário, a conferência corre o risco de ser mais uma entre tantas, marcada pela distância entre promessas internacionais e as urgências da vida cotidiana.
*Rickyson Martins é empreendedor e Presidente do CAC Deputado Bacelar
**Os textos (artigos, crônicas) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião da Div Agência de Comunicação – Portal do Minuto.