Dificuldades de navegação, compra de alimentos e insumos básicos, acesso às escolas e postos de saúde são alguns dos principais […]

Comunidades ribeirinhas recebem ajuda humanitária em meio à crise de abastecimento no AM

Dificuldades de navegação, compra de alimentos e insumos básicos, acesso às escolas e postos de saúde são alguns dos principais problemas enfrentados pelos ribeirinhos das comunidades localizadas no Tarumã-Mirim, às margens do rio Negro, em Manaus.

Para reduzir os impactos que a população ribeirinha vem sofrendo com a seca extrema que, nesta quarta-feira (4), já se tornou a 10ª maior seca do rio Negro da história, diversos órgãos municipais realizaram uma ação humanitária com entrega de cestas básicas, kits de higiene e garrafões de água potável.

A ação de entrega se concentrou na quadra da Escola Municipal José Sobreira do Nascimento, localizada na Comunidade Nossa Senhora de Fátima. Ao todo, 973 famílias de pelo menos oito comunidades foram beneficiadas com a ação.

De acordo com a secretária municipal de Educação, Dulce Almeida, este é o primeiro auxílio humanitário dos órgãos da prefeitura de Manaus para os ribeirinhos de comunidades isoladas pela vazante.

“Nós estamos atendendo 973 famílias ribeirinhas que estão em áreas mais longínquas. A gente está aqui fazendo uma ficha por família para facilitar a entrega e prestação de contas. O auxílio humanitário com cestas básicas, kits de higiene e água está sendo entregue hoje e daqui a 15 dias retornaremos aqui com essa ação. Ao todo serão 5 mil cestas básicas, kits de higiene e garrafões de água. Na semana passada, foram distribuídos botes que estão em posse dos comunitários para auxiliar nesse transporte”, destacou a titular da Semed.

Quantidade de comunidades isoladas pode aumentar

O titular da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), Wanderson Costa, explicou que foi preciso fazer um mapeamento de todas as comunidades pela Defesa Civil Municipal para que os alimentos e água potável beneficiem os ribeirinhos que estão isolados.

“Temos um mapeamento que aponta mais de 15 comunidades que estão em isolamento. Até este fim de semana a situação vai ser ainda mais crítica. O calado (profundidade em que a embarcação está submersa na água) de qualquer embarcação não pode trafegar mais nessas áreas”, alertou o secretário da Semacc.

Cesta básica mais cara

A aposentada de 73 anos, Maria Izete Pereira Gama, moradora da Comunidade Nossa Senhora de Fátima há pelo menos 16 anos, conta que a seca deste ano está pesando no bolso da população.

“A gente precisa ir na cidade e fazer rancho, mas está muito caro. Tudo ficou mais caro, ovos, arroz, farinha, feijão. O frango, por exemplo, eu comprava a R$ 11 reais o quilo. O peixe agora nem se fala. Três peixes pequenos por R$ 20 reais”, contou a aposentada que levava a cesta básica em seus ombros.

Trajetos longos

Outra dificuldade relatada pelos moradores é o trajeto que precisam fazer todos os dias para se deslocar da comunidade para a área urbana de Manaus.

Segundo a dona de casa Valda Tikuna, que mora há 45 anos na Comunidade Livramento, localizada do outro lado do rio Negro, é preciso fazer um percurso de pelo menos 2 horas da comunidade até às margens do rio para, em seguida, atravessar para a Comunidade Nossa Senhora de Fátima e assim conseguir ter acesso aos serviços básicos de saúde, educação e alimentação.

“A gente se programa para tentar resolver tudo de uma vez. Fazer o rancho para o maior tempo possível. Levar os nossos filhos. Uma pessoa consegue se deslocar entre 1 hora ou 1 hora e meia. Agora para mim, que já tenho idade, levo pelo menos 2 horas para sair da comunidade, descer a trilha e depois ir para o outro lado”, relatou Tikuna.

 

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