Familiares da brasileira Daniela Costa, de 35 anos, denunciam que ela foi vítima de tráfico humano e acabou condenada a […]

Reprodução/Redes Sociais

Brasileira é presa no Camboja após cair em golpe de emprego, diz família

Familiares da brasileira Daniela Costa, de 35 anos, denunciam que ela foi vítima de tráfico humano e acabou condenada a dois anos e seis meses de prisão por tráfico de drogas no Camboja, país do Sudeste Asiático. A família afirma que Daniela foi enganada por uma falsa proposta de trabalho e presa injustamente ao tentar retornar ao Brasil.

De acordo com os parentes, a notícia da condenação chegou por meio de uma rede de apoio que acompanha o caso. Daniela foi detida em março deste ano e permanece em uma cela superlotada, com cerca de 90 pessoas. Segundo relatos da mãe, Myriam Costa, a filha enfrenta condições precárias, com acesso limitado à alimentação, higiene e atendimento médico.

Em nota, o Itamaraty confirmou que “o Ministério das Relações Exteriores, por intermédio da Embaixada do Brasil em Phnom Penh, tem conhecimento do caso citado. A Embaixada vem realizando gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consular cabível à nacional brasileira, em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas”.

A Clínica de Direito Internacional da UFMG, que oferece apoio jurídico à família, também acompanha o caso. Os familiares afirmam que a condenação é injusta e que Daniela foi usada por criminosos como bode expiatório. O advogado que atuava em sua defesa abandonou o processo, e a família agora busca um novo representante legal para dar continuidade ao recurso.

Como tudo começou

A arquiteta e designer Daniela Costa, natural de Belo Horizonte (MG), viajou ao Camboja em janeiro de 2025 após receber, pelas redes sociais, uma proposta de emprego em telemarketing. A oferta prometia moradia, alimentação e salário entre US$ 1 mil e US$ 2 mil — valores considerados atraentes para quem enfrentava dificuldades financeiras no Brasil.

De acordo com a mãe, Daniela sempre foi independente e já havia morado no exterior em outras ocasiões — nos Estados Unidos e na Armênia —, o que a fez acreditar que poderia repetir a experiência com segurança. No entanto, logo após chegar ao país asiático, ela começou a desconfiar das condições do local. “Pedi que ela filmasse o alojamento, e achei muito estranho. Era um lugar precário, cheio de beliches. Ela estava sozinha e me disse que outras pessoas ainda chegariam”, contou Myriam.

O golpe

Dois meses depois da chegada, os familiares foram vítimas do primeiro golpe. Criminosos usaram o celular de Daniela e, se passando por ela, entraram em contato com os parentes pedindo R$ 27 mil para comprar uma passagem de volta ao Brasil. Após o envio do dinheiro, o contato foi interrompido.

Poucos dias depois, Myriam recebeu uma ligação direta da filha, já presa. Daniela contou que os traficantes haviam colocado cápsulas com drogas no banheiro do alojamento e a acusado de posse. Ela tentou explicar às autoridades que era inocente e chegou a solicitar exames toxicológicos, mas o pedido foi ignorado.

“Levaram tudo dela — celular, notebook, documentos. Ela contou que os policiais não quiseram ouvir e que os criminosos continuaram livres”, relatou a mãe.

Prisão e condições precárias

Desde então, Daniela está detida em um presídio feminino em Phnom Penh, onde divide espaço com cerca de 90 mulheres. De acordo com a família, as presas se revezam para dormir e tomar banho com baldes de água. “Ela já ficou 48 horas sem comer e chegou a ter uma infecção que demorou dias para ser tratada. A situação é desumana”, denunciou Myriam.

Luta por justiça

A família afirma que a prisão de Daniela é um caso claro de injustiça e negligência internacional, e que o governo brasileiro precisa agir com mais firmeza. “Minha filha é inocente. Foi vítima de uma quadrilha que alicia brasileiros com promessas falsas de emprego. Ela precisa de ajuda e de um julgamento justo”, desabafou a mãe.

O caso também reacendeu o alerta sobre golpes de recrutamento para o Sudeste Asiático, onde organizações criminosas têm atraído estrangeiros com falsas ofertas de trabalho em marketing digital ou call centers, e depois os submetem a condições análogas à escravidão ou envolvimento forçado em atividades ilegais.

Enquanto o processo segue em curso, a família mantém a esperança de que o caso seja revisto e que Daniela possa ser repatriada e provar sua inocência.

“Ela só queria uma oportunidade de trabalho. Agora luta para sobreviver longe de casa, pagando por um crime que não cometeu”, lamenta Myriam.

 

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