Brasil é eleito o País Mais Criativo em Cannes, mas escândalo com uso de IA abala premiação da DM9

O Brasil teve destaque no Festival de Cannes Lions 2025 ao receber a homenagem de “País Mais Criativo do Ano”, uma conquista inédita que reforça o protagonismo nacional no mercado publicitário global. No entanto, o clima de comemoração foi interrompido por uma polêmica envolvendo uma das maiores agências do país.

A DM9 teve seu prêmio Grand Prix de Creative Data revogado após admitir que o videocase da campanha Efficient Way to Pay, criada para a Consul, usava conteúdo manipulado. Entre os materiais falsos, estavam depoimentos inexistentes e uma suposta matéria da CNN gerada por inteligência artificial, criada para dar credibilidade à ação.

A descoberta levou à retirada imediata do prêmio e de todos os reconhecimentos relacionados ao projeto. Em resposta, a DM9 retirou voluntariamente outros dois cases premiados, afastou o copresidente da agência e anunciou a criação de um Comitê de Ética em Inteligência Artificial, numa tentativa de conter os danos à sua imagem.

O caso reacendeu o debate sobre as chamadas campanhas fantasmas — peças publicitárias criadas apenas para disputar prêmios, sem realmente serem veiculadas —, agora agravadas pelo uso de IA para forjar dados e conteúdos. A prática, embora antiga no setor, ganha nova dimensão com os recursos tecnológicos que tornam cada vez mais difícil identificar o que é real.

O escândalo atinge em cheio um dos maiores e mais prestigiados festivais da publicidade mundial, que movimenta milhões de euros em inscrições e produções. Em 2025, o Cannes Lions recebeu cerca de 27 mil cases, com valores de até € 2.300 cada, o que evidencia o impacto financeiro e reputacional de uma crise dessa magnitude.

(*) Fonte: The News