Por: Marina Monteiro e João Paulo Morais A região amazônica e sua cultura tem cada vez mais chamado a atenção […]

A visão do espírito protetor sob os olhos do Festival de Parintins. Foto: Reprodução

Bicho Folharal, O guardião verde da floresta

Por: Marina Monteiro e João Paulo Morais

A região amazônica e sua cultura tem cada vez mais chamado a atenção do mundo, mas algo que parece ser esquecido são suas lendas, que são representadas todo ano no festival de Parintins como item 17, e aqui, estamos propondo resgatar essas lendas e mostrar como elas foram representadas durante a história dos bumbás.

A lenda escolhida para discorrermos hoje foi o Bicho Folharal, a criatura encantada das profundezas da Amazônia, que tem como missão proteger a floresta, os rios e a fauna local contra invasores e ameaças.

Diz a lenda que o protetor não tem forma definida, muda com o sopro do vento, com o ciclo das estações e surge apenas quando o equilíbrio da natureza está em risco.

A primeira aparição no Festival de Parintins ocorreu em 2007, quando o Boi Bumbá Garantido levou a respectiva lenda para concorrer ao item 17 com a toada intitulada, Bicho Folharal, escrita por Demetrios Haidos e Geandro Pantoja, interpretada por David Assayag e apresentada por Israel Paulain. A apresentação ocorreu na primeira noite sob uma chuva torrencial e contou com a alegoria confeccionada pelo artista Elton Campos e equipe, trazendo a cunhã-poranga Tatiane Barros.

O Boi Bumbá Garantido buscou descrever as características físicas do Bicho Folharal em sua toada, levando versos como;

Seus braços são galhos de castanheira

Pernas de sumaumeira

E fragrância de pau rosa

Seus cabelos são folhagem

Seus olhos de esmeralda

Derramam lagrimas de seiva selvagem

O Boi Vermelho apresentou a mesma toada como item 17 na segunda noite em 2009.

A terceira aparição foi em 2015, na vez do Boi Bumbá Caprichoso levar a lenda para concorrer ao mesmo item, com a toada, também intitulada, Bicho Folharal, escrita por Adriano Aguiar e Geovane Bastos, interpretada também por David Assayag e apresentada por Junior também Paulain. A apresentação ocorreu na primeira noite e também, sob uma chuva torrencial. A alegoria foi confeccionada pelo artista André Amoedo e equipe, trazendo também o item 9, Maria Azedo.

O Boi Azulado buscou apresentar o Bicho Folharal com outra proposta;

Ele vai te caçar!

Ele vai te pegar!

Te condenar

O espírito da mata

Ele lerá a tua sentença caçador

E desaparecerá na floresta

Motosserras, correntes, tratores

Armas de fogo ele destruirá

Descrevendo como seria a reação do Guardião da Amazônia contra quem invade, maltrata e destrói a fauna e a flora local.

A última aparição da lenda foi em 2024, na primeira noite, quando o Boi Caprichoso utilizou a toada para concorrer ao item 20, coreografia, e anunciar a chegada da Rainha do Folclore, Cleise Simas.

Pode-se concluir que os dois bois conseguiram representar a lenda com suas respectivas identidades e curiosamente com muitas coincidências nas apresentações, principalmente na questão climática.

Por fim, outro fato notável é que mesmo sem dialogar, os dois bois conseguiram fazer toadas que evidentemente se completam; um descrevendo sua forma física e outro focando em seus gestos, fazendo com que a junção das duas seja uma descrição perfeita da lenda do Bicho Folharal.

*Marina Monteiro e João Paulo Morais

 

 

 

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