Por: Sérgio Baré Bem mais do que celebrações tradicionais, os arraiais comunitários têm se consolidado como instrumentos de fortalecimento da […]

Arraial e economia: Quando o festejo vira oportunidade
Por: Sérgio Baré
Bem mais do que celebrações tradicionais, os arraiais comunitários têm se consolidado como instrumentos de fortalecimento da economia local e de resgate cultural em Manaus. No último sábado (12), tive a alegria de promover e participar do primeiro Arraial do Conjunto Ribeiro Júnior e Renato Souza Pinto, no bairro Cidade Nova, zona norte da cidade. A festa reuniu mais de 90 famílias e ofereceu uma estrutura completa, com apresentações de quadrilhas, bandas de forró e tendas gratuitas para moradores comercializarem comidas típicas, bebidas e artesanato.
A proposta foi garantir lazer, mas principalmente criar oportunidades reais de geração de renda para os trabalhadores da própria comunidade. Desde antes de me tornar parlamentar, sempre acreditei que esse tipo de iniciativa tem impacto direto na vida das pessoas, eu mesmo, por exemplo, já integrei um grupo de quadrilha juntamente com meus irmãos lá em Roraima, e sei como essas ações movimentam.
Muitos dos expositores participaram pela primeira vez de um evento como esse. A ausência de custos para montar barraca ou alugar espaço é determinante para quem não tem capital inicial, mas tem vontade de empreender. Famílias venderam pamonha, bolo de macaxeira, tacacá, churrasquinho, mingau e outras comidas típicas que, além de aquecerem a memória afetiva de quem frequenta os arraiais, também geram lucro imediato.
A dona Maria das Dores, por exemplo, montou sua barraca de doces regionais e me contou que conseguiu vender quase tudo em poucas horas. “Esse dinheirinho vai me ajudar na conta de luz e ainda vou guardar um pouco para comprar mais material e vender de novo”, disse ela. Histórias como essa se repetiram ao longo da noite.
Além disso, os arraiais ajudam a ativar uma rede de microempreendedores que vai desde quem vende até quem costura as roupas das quadrilhas, aluga equipamentos de som, fornece gelo, decora os espaços ou organiza a programação. É um movimento coletivo que gera renda, trabalho e oportunidades, e que, muitas vezes, substitui a ausência de empregos formais.
Além disso, esses eventos também promovem segurança, ocupam os espaços públicos e reforçam o sentimento de pertencimento. As pessoas saem de casa, encontram os vizinhos, voltam a ter orgulho do lugar onde moram. Crianças brincam com tranquilidade, idosos se divertem com forró ao vivo, e famílias inteiras aproveitam juntas a noite, tudo com organização, respeito e apoio comunitário.
A cultura popular precisa estar no centro da política pública. Ela não é só entretenimento: é instrumento de desenvolvimento social, de economia solidária e de reconstrução dos laços comunitários. Quando o poder público se alia à população de forma prática, como fizemos neste arraial, a transformação acontece. E o melhor: acontece de baixo pra cima, com protagonismo dos próprios moradores.
*Sérgio Baré é Fisioterapeuta e vereador da cidade de Manaus
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