Gil Romero Machado, 41 anos, e José Nilson Azevedo, conhecido como Nego, idade não revelada, comparsas no feminicídio da jovem Débora […]

Familiares e amigos de Débora clamam por Justiça em frente ao Fórum Henoch Reis (Foto: Márcio Silva / A Crítica)

Acusados de assassinar cruelmente a jovem Débora Alves participam de audiência por videoconferência

Gil Romero Machado, 41 anos, e José Nilson Azevedo, conhecido como Nego, idade não revelada, comparsas no feminicídio da jovem Débora da Silva Alves, 18 anos, participaram por videoconferência da audiência de instrução realizada nesta terça-feira (7) no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, bairro São Francisco, zona Centro-Sul. Familiares da vítima também compareceram na frente do prédio com cartazes pedindo justiça.

A defesa de Gil Romero, sob a responsabilidade do advogado criminalista Vilson Benayon, tentou adiar a audiência de hoje (7) ao alegar que não havia encontrado testemunhas de defesa e que assumiu o processo há pouco tempo, o que não foi acatado pelo juiz James Oliveira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Na audiência também participam a defensora pública Elen Cristina de Melo, pela defesa de Nego, e pela acusação a promotora de Justiça, Clarissa Moraes Brito.

Arroladas no processo como testemunhas de acusação, também participam da sessão a mãe de Débora, Paula Christina Souza, 36 anos, e uma amiga da vítima, uma adolescente de 16 anos, além da equipe de policiais da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) que conduziram as investigações. O mecânico José Junior, 41 anos, pai de Débora, pede condenação máxima para Gil Romero.

“Estamos aqui para que a lei seja cumprida. Que ele (Gil) pegue a pena máxima, para que nenhuma outra Débora venha a ser vítima de mais algum Gil Romero, que pare por aí. O crime dele é qualificado. Esperamos que a justiça seja feita e que nenhum magistrado acredite na conversa dele. Um assassino desse tipo não tem caráter. Ele planejou e a matou (Débora). Ele arquitetou tudo isso e executou. Ele tem que pegar pena máxima”, declarou o mecânico.

José não acredita na versão apresentada por Gil Romero, na qual afirma que Arthur, nome dado para o bebê de oito meses, foi jogado dentro do rio. No último dia 2, o mecânico, com a ajuda de familiares, encontrou partes de ossos no local onde Débora foi morta no dia 3 de agosto. Ele explicou que, após visitar o túmulo da filha, foi até o local em busca de respostas, momento em que se deparou com os restos mortais.

“Tem essa falha de acreditarem que Arthur foi jogado no rio. Para mim, desde o início ele (Gil) está mentindo. E nós encontramos vestígios da ossada do bebê. O cara cometeu o crime desse tipo dentro do local de trabalho e já próximo à troca da guarda, entre 23h até 6h. Ele estava com pressa! Nas imagens do necrotério, o legista falou: ‘o útero da sua filha está no local, não tem vestígio de ter sido arrancado. Ela teve esse bebê devido à tortura’. Isso agrava mais”, declarou o pai de Débora.

A tia de Débora, a agente comunitária de saúde (ACS), Rita de Cássia, 48 anos, também pede condenação máxima para Gil Romero. “Ainda é uma angústia vir aqui, com faixas para pedir justiça por algo tão grave como foi o assassinato de Débora. Estamos pedindo penalidade máxima. Ele alegava ter jogado o bebê no rio e conseguimos encontrar uma ossada que provavelmente seja do pequeno Arthur. E comprovado isso, tudo muda. Esse julgamento vai até o final e eles vão pagar pelo crime que cometeram”, pontuou.

Ana Júlia Azevedo Ribeiro, 29 anos, ex-esposa de Gil Romero, também esteve presente na sessão, mas a família não tinha informações se ela estava arrolada no processo como testemunha de defesa. A audiência de instrução desta terça-feira (7) iniciou por volta das 10h e faz parte do ato processual onde são colhidas as provas orais de réus, peritos, testemunhas e informantes antes do julgamento em plenário. A sessão segue ao longo do dia.

Relembre o caso

Débora da Silva Alves, 18 anos, grávida de oito meses, foi dada como desaparecida pela família no dia 29 de julho, após sair com o pai do filho que ela aguardava, Gil Romero, 41 anos, para supostamente comprar o berço do bebê. No dia 3 de agosto, o corpo da jovem foi encontrado atrás de uma usina termoelétrica desativada, localizada no bairro Mauazinho, zona Leste da cidade.

A investigação à cargo da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) apontou que Débora foi torturada, estrangulada, teve a barriga aberta e o filho retirado do útero para, em seguida, o corpo ser fervido em óleo diesel dentro de um tonel de aço. Após o crime, Gil Romero fugiu para fora do Amazonas.

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 No dia 8 de agosto, Gil Romero foi preso em uma ação policial conjunta, na cidade de Curuá, na região Oeste do estado do Pará. Ele confessou ter matado Débora e jogado o corpo do bebê dentro do rio. O comparsa dele, José Nilson, o Nego, foi preso no dia 4 de agosto. Em depoimento à polícia, Nego afirmou que apenas ajudou a colocar o corpo da jovem no camburão para atear fogo.

Ana Júlia, 29 anos, ex-esposa de Gil Romero, também fugiu de Manaus após o crime ganhar repercussão, mas foi presa no dia 10 de agosto e, segundo a DEHS, a jovem “tentou atrapalhar as investigações passando informações mentirosas durante depoimento”. Ela chegou a prestar depoimento à polícia na época em que Débora era considerada desaparecida. Ana Júlia segue em liberdade e se diz inocente.

A DEHS indiciou Gil Romero Machado e José Nilson Azevedo pelos crimes de feminicídio triplamente qualificado: motivo fútil, sem possibilidade de defesa da vítima, cruel e ocultação de cadáver. Além de aborto e associação criminosa. Em caso de condenação, a dupla pode pegar uma sentença de 40 anos. A data do julgamento ainda não está marcada.

Com informações: A Crítica

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