Reclamar de um produto ruim não é exclusividade dos tempos modernos. Um cliente chamado Nanni, insatisfeito com a qualidade do […]

(Foto: Divulgação/Museu Britânico)

A primeira reclamação registrada da história: cliente insatisfeito há 4.000 anos na Mesopotâmia

Reclamar de um produto ruim não é exclusividade dos tempos modernos. Um cliente chamado Nanni, insatisfeito com a qualidade do cobre que recebeu, registrou sua indignação em uma tabuleta de argila há quase 4.000 anos, na antiga Mesopotâmia. O episódio, datado de aproximadamente 1.750 a.C., é considerado a primeira reclamação formal da história e hoje integra o acervo do Museu Britânico, em Londres.

A queixa foi encontrada no início do século 20 durante escavações na cidade de Ur, no atual sul do Iraque. Entre os pertences de Ea-Nasir, um comerciante de cobre da guilda Alik Tilmun, arqueólogos localizaram várias tabuletas com reclamações de clientes, mas uma se destacou. Escrita em acádio, no sistema cuneiforme, a peça de apenas 11,6 centímetros de altura foi traduzida décadas depois pelo assiriólogo A. Leo Oppenheim.

No texto, Nanni acusa Ea-Nasir de entregar material de baixa qualidade e ainda tratar mal seu mensageiro. “Você prometeu lingotes de cobre de qualidade, mas enviou material ruim”, escreveu. Ele também relatou ter tido a prata do pagamento retida e que seus enviados foram desrespeitados: “Se quiser levar, leve; se não quiser, vá embora!”, teria dito o comerciante.

A carta termina com uma exigência clara e firme. “A partir de agora, só aceitarei cobre de boa qualidade e irei pessoalmente selecionar as barras em meu quintal”, declarou Nanni, mantendo a educação, mas deixando evidente sua insatisfação.

Como se registrava uma reclamação na antiguidade?

Na Mesopotâmia, nada de e-mails ou redes sociais. A escrita cuneiforme, uma das mais antigas do mundo, era feita em tábuas de argila úmida com estiletes de junco. Após secas ou cozidas, as tabuletas se tornavam resistentes, permitindo que documentos comerciais e legais sobrevivessem por milênios.

O uso da escrita era essencial para o comércio e a aplicação de leis na região. O famoso Código de Hamurabi, de 1.754 a.C., trazia punições severas para fraudes comerciais, incluindo multas de até seis vezes o valor do prejuízo. Comprar sem testemunhas ou contratos formais também podia levar a penalidades graves.

Embora a tabuleta de Nanni, adquirida pelo Museu Britânico em 1953, não revele o desfecho da disputa, ela mostra que a insatisfação com serviços e produtos acompanha a humanidade desde seus primórdios — muito antes das caixas de comentários na internet.

(*) Com informações: D24Am

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