Ele ganhou cor, brilho e milhares de visualizações nas redes sociais. O “morango do amor”, nova sobremesa queridinha da internet, […]

A febre do Morango do Amor e a ansiedade de seguir tendências
Ele ganhou cor, brilho e milhares de visualizações nas redes sociais. O “morango do amor”, nova sobremesa queridinha da internet, é uma variação moderna da clássica maçã do amor: leva morango coberto com brigadeiro branco, envolto por uma calda de caramelo vermelho. Vídeos com o recheio escorrendo e o som da crocância ao morder têm se multiplicado, sempre acompanhados de frases como “você precisa experimentar!”.
Mais do que uma tendência gastronômica, a sobremesa revela um fenômeno comportamental. Segundo o psicólogo Thiago Ayala, especialista em psicologia da saúde e terapia cognitivo-comportamental, o desejo de experimentar o doce está fortemente ligado à sensação de pertencimento. “Não é só sobre o doce, é sobre não ficar de fora. O ‘todo mundo está indo’ cria uma pressão invisível”, explica.
Ayala, que atua no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), destaca que esse tipo de comportamento repetido — correr atrás de cada novidade — pode gerar frustrações. “É uma mistura de curiosidade com medo de ficar por fora. Nem sempre percebemos o quanto isso está nos guiando”, diz.
Ele alerta que o problema não é o produto em si, mas a velocidade com que os desejos são fabricados e descartados. “Isso afeta nosso tempo, nossa energia, e pode deixar um gosto amargo quando a experiência não corresponde à expectativa. Pode atrapalhar a saúde, o bolso e até as relações”, completa.
No aspecto nutricional, o alerta também é válido. Apesar da presença do morango, que é uma fruta saudável, o doce chega a ter cerca de 300 calorias por unidade, podendo ultrapassar esse valor dependendo do tamanho e da receita. Segundo a nutricionista Laura Oliveira Pael, o consumo frequente pode provocar picos de glicemia, ganho de peso e aumento do risco de doenças metabólicas.
A nutricionista orienta que, para preservar a saúde, é melhor optar por combinações mais equilibradas, como morango com chocolate 70% cacau, iogurte natural ou creme de ricota sem adição de açúcar. “Se ainda assim quiser consumir o morango do amor, o ideal é que seja após uma refeição, e não em jejum, para evitar picos de glicose”, orienta.
A recomendação é pensar antes de seguir tendências alimentares motivadas apenas por modismos nas redes. Como resume o psicólogo: “Não se trata de proibir prazeres. Mas é sempre válido perguntar: eu realmente quero isso, ou só quero me sentir incluído?”
(*) Com informações: D24Am