No filme da saga O Senhor dos Anéis, o elfo Elrond, ao ser indagado pelo mago Gendalf sobre a possibilidade […]

A Era dos Índios Acabou: resta-lhes a era dos homens maus e seus mitos

No filme da saga O Senhor dos Anéis, o elfo Elrond, ao ser indagado pelo mago Gendalf sobre a possibilidade de construção de uma resistência contra o avanço criminoso do senhor supremo do mal, Sauron, responde-lhe que “a era dos homens estava acabando”, sugerindo que o melhor seria aceitar a derrota e fugir para longe da Terra Média.

Infelizmente, esse mesmo recado, que resume muito sobre muitos homens maus, está sendo dado todos os dias aos últimos heróis da resistência indígena amazônica: morte instantânea ou escravidão eterna e, infelizmente – outra vez – acompanhado pelo silêncio quase geral de uma sociedade que preferiu esconder suas mazelas e miserabilidade ao ter que enfrentá-las de forma ética e justa, ou ao menos, cristã.

Infelizmente, a nação indígena que um dia dominou e prosperou sobre esta terra está sendo brutalmente emparedada pela continuação do desejo espoliador do “branco civilizado”, e com ela, a Amazônia, o último santuário imaculado desses poucos sobreviventes que ainda resistem de forma autêntica à proposta brutal de ocidentalização incondicional de suas almas, e que por isso, também lutam contra uma cristianização violenta e “violentária”, e contra a pior forma de dominação cultuada pelo homo cachorrinho da modernidade: a servidão a símbolos, mitos e ideias perversas para dominação moral do outro.

Infelizmente, índios “aculturados”, revoltados, expolidos, escondidos, acanhados, organizados, quase queimados ou que preferem estar totalmente isolados dessa gente hipócrita, careta e covarde cujos fins – imorais – sempre justificarão os seus meios – ilegais – para prática de seus crimes, estão ficando sem terra, sem água, sem deus, sem fé, sem descendência e agora, também, sem muitos parceiros, posto que, aqueles que estão dispostos a lhes dar voz, calor e amor também estão sendo caçados, de Domingos a Domingos, pelos atuais Jorge Velho da modernidade…

Não se pode afirmar com certeza que o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram diretamente vitimados pelos mesmos criminosos que atualmente estão imbuídos em uma missão suprema de extrair até a última gota de vida da nossa Amazônia amazonense, mas certamente e muito provavelmente, aqueles criminosos estão profundamente envolvidos com as consequências a partir de então, tanto para a sobrevivência deles, quanto para eliminação dos seus rastros e história, para que se consagre a propagação do terror e se ecoe pela floresta sobre as consequências para aqueles que, por ventura, ousarem se aliar às únicas almas puras – humanas – que ainda habitam a Amazônia, porque na terra do Senhor do Mal, apenas o mal pode prosperar em paz…

Isso não deve nos calar, até porque, os registros históricos apontam que o Vale do Javari começou a ser “dominado” pelos portugueses a partir de 1766, com a construção de um forte em São Francisco Xavier de Tabatinga, cujo objetivo, segundo Arthur Reis, seria o de proteger a região dos bandidos e evitar o contrabando das riquezas amazônicas, além da evasão fiscal.

Passados quase 300 anos, não podemos desistir desse ideal.

Por José Walmir

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