Um espectro da pré-história caminha novamente entre nós. Em 2025, a startup Colossal Biosciences — conhecida por prometer o impossível […]

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Criaturas do Passado: “Lobos-terríveis” renascem e ameaçam os limites da natureza

Um espectro da pré-história caminha novamente entre nós. Em 2025, a startup Colossal Biosciences — conhecida por prometer o impossível — cruzou uma fronteira até então restrita à ficção científica: criou, em laboratório, criaturas geneticamente modificadas com traços do extinto lobo-terrível (Aenocyon dirus), uma fera que vagava pelas Américas há milhares de anos. Batizados de Rômulo e Remo, os filhotes carregam um legado ancestral e uma carga ética que divide a comunidade científica.

A “desextinção”, termo tão provocativo quanto impreciso, começou com o resgate do passado: um dente fossilizado de 13 mil anos encontrado em Ohio e um fragmento de crânio de 72 mil anos, localizado em Idaho, forneceram os fragmentos genéticos do predador extinto. Os cientistas sequenciaram esse material e o compararam com espécies vivas. O parente mais próximo? O lobo-cinzento, nativo das regiões geladas do Hemisfério Norte.

A partir disso, e usando a poderosa ferramenta CRISPR-Cas9 — uma espécie de lâmina molecular capaz de cortar e inserir trechos de DNA —, os pesquisadores inseriram fragmentos do código genético extinto no genoma de lobos vivos. O resultado não é um clone do lobo-terrível, mas algo novo, inquietante e potencialmente perigoso. Criaturas com cerca de 20% a mais de massa corporal que lobos comuns, estrutura óssea robusta e comportamento ainda em análise.

“Eles não ressuscitaram uma espécie. Criaram algo que nunca existiu. Um híbrido”, alertou o paleogeneticista Nic Rawlence, da Universidade de Otago. “É um lobo-cinzento com traços terríveis. Desenvolvam a tecnologia, sim — mas para proteger o que ainda temos. Não para brincar de deus com os mortos.”

Rômulo e Remo, apresentados ao mundo em abril, já pesam cerca de 41 kg cada. Remo, o mais dominante, assume o papel de líder. Ambos recebem cuidados rigorosos: alimentação rica em carne e vísceras, exames regulares, tomografias, mapeamento genético — tudo monitorado com o cuidado que se dá a um segredo perigoso.

Mesmo assim, o projeto desperta mais desconfiança do que admiração. A comunidade científica internacional cobra transparência, publicação de dados, revisões independentes. Até a pesquisadora-chefe do projeto, Beth Shapiro, foi clara ao dizer que os animais são apenas “lobos-cinzentos geneticamente editados”, e não réplicas fiéis de seus ancestrais extintos.

Mas o que já está feito não pode ser desfeito. Os “lobos quase-terríveis” existem, e seu nascimento abre um portal para questões profundas: estamos recriando espécies ou fabricando aberrações? Onde está o limite entre ciência e ambição? Se podemos reviver o passado, quem nos impede — ou nos protege — do que ele pode trazer de volta?

O experimento ainda está em curso, mas seus ecos já reverberam por toda parte: nos laboratórios, nos debates sobre conservação e, talvez, em breve, nas florestas.

(*) Com informações: Fatos Desconhecidos

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