Brasília – O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), presta depoimento neta quarta-feira (17), na […]

Alexandre Ramagem é noemado diretor-geral da Polícia Federal (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ramagem depõe à PF nesta quarta sobre suposta espionagem ilegal na Abin

Brasília – O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), presta depoimento neta quarta-feira (17), na Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro. A oitiva acontece no âmbito das investigações de um suposto esquema de espionagem ilegal contra autoridades, enquanto ele estava à frente da Agência (relembre caso abaixo). Os investigadores querem esclarecer se existe envolvimento do atual comando da Abin com os possíveis operadores do esquema, principalmente os antigos integrantes da agência que produziam relatórios contra Moraes.

Essa oitiva também acontece após a queda de sigilo de um áudio gravado por Ramagem de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno, e as advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Os registros mostram uma discussão sobre como “blindar” o filho de Bolsonaro da investigação sobre suposto esquema de rachadinha enquanto ele era deputado federal na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Além disso, Ramagem deve ser questionado sobre as novas informações sobre o caso, divulgadas no âmbito da operação da PF que prendeu preventivamente cinco pessoas que teriam participado do esquema, na última quinta-feira (12).

No relatório enviado ao STF, que autorizou as medidas judiciais, a PF informou que os policiais federais que atuavam na Abin, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram-se das ferramentas da agência para serviços “ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal”, como, por exemplo, a envolvendo Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“As ações de ‘inteligência’ realizadas não deviriam deixar rastros, razão pela qual a então alta gestão decidiu que não haveria difusão do relatório, ao tempo diligência solicitada pelo GSI diretamente para a Direção-Geral da Abin. Noutros termos, o presente evento corrobora a instrumentalização da Abin para proveito pessoal. Neste caso o intento era fazer prova em benefício ao investigado Renan Bolsonaro”, diz a PF.

Outro lado

Nas redes sociais, Ramagem afirmou que não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro com a agência.

“Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial. A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação. Há menção de áudio que só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional. Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa. No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro”, disse.

Como funcionava a espionagem
O uso irregular de um sistema da Abin para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados começou a ser investigado em 2023. Segundo a apuração, o programa First Mile permitia o monitoramento de milhares de pessoas — e teriam sido feitos 60 mil acessos a ele em dois anos e meio.

Segundo a PF, para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

Entre os monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, além de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados.

O programa

Em relatório enviado ao STF, a Polícia Federal informou que o programa “First Mile” foi adquirido por aproximadamente R$ 5 milhões e não pode ser considerado como mero “brinquedo de criança” ainda mais quando a ferramenta foi utilizada para monitorar pessoas sem qualquer pertinência com as atribuições institucionais da Abin.

Segundo a Polícia Federal, para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alerta em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados. O software consegue monitorar cerca de 10 mil celulares por até 12 meses.

A investigação revelou que a Abin foi utilizada para monitorar ilegalmente ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo fontes ligadas à PF, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem irregular.

O nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia também está entre os que teriam sido monitorados ilegalmente pela Abin.

Relembre outras fases

A operação Última Milha, da Polícia Federal, investiga o suposto uso ilegal da estrutura da Abin para espionagem ilegal de adversários políticos da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O esquema teria funcionado sob a gestão do ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem, hoje deputado federal.

No dia 30 de janeiro deste ano, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos:

Rio de Janeiro (RJ) — 5 mandados;
Angra dos Reis (RJ), onde estava a família, incluindo Jair Bolsonaro — 1 mandado;
Brasília (DF) — 1 mandado;
Formosa (GO) — 1 mandado;
Salvador (BA) — 1 mandado.
Segundo a corporação, as mensagens indicam que “o núcleo político [do esquema] possivelmente se valia de Ramagem para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas”.

Em 25 de janeiro deste ano, Ramagem foi alvo de buscas e apreensões em endereços ligados a ele. Na ocasião, os agentes estiveram, por exemplo, no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados e no aparamento funcional dele, ambos em Brasília.

À época, as investigações apontaram indícios de que Ramagem, inclusive, continuou recebendo informações de dentro da Abin mesmo depois que deixou o comando do órgão.

Fonte: D24am

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